Crusoé - Edição 180 (2021-10-08)

(Antfer) #1

eleitoral, e esse alguém só pode ser Sergio Moro. Ele está indeciso sobre
sua candidatura, mas a candidatura já se decidiu por ele.


É claro que ele vai ser derrotado se sua campanha se basear unicamente
em temas enfadonhos como a Lei de Improbidade. O lavajatismo morreu
com a soltura de Lula. Uma pesquisa publicada na quarta-feira mostrou
que os eleitores preocupam-se com a economia quatro vezes mais do que
com a legalidade. O desafio de Sergio Moro é demonstrar que uma coisa
está associada à outra, e que o departamento de propinas da
Odebrecht representa o avesso do capitalismo moderno. Só a legalidade
pode salvar a economia, acabando com o clientelismo, com os privilégios
e com o achaque estatal.


Mas há outro fator que pode empurrar Sergio Moro para o Palácio do
Planalto, e que as pesquisas ainda escondem: a integridade pessoal. Na
disputa contra um condenado por suborno e um indiciado por
assassinato em massa, ele se destaca por ser limpo, uma qualidade
imprescindível num mundo higienizado pós-Covid.


Caso se renda à sua inelutável candidatura, Sergio Moro já parte com 10%
dos votos, embora more em Washington, nunca tenha feito campanha
eleitoral e esteja escutando calado há mais de um ano as calúnias
disparadas por lulistas, bolsonaristas e Gilmar Mendes. No fim do ano,
depois de rodar o Brasil para apresentar seu livro sobre a Lava Jato e o
período no governo do sociopata, as pesquisas devem ser ainda mais
animadoras. Agora, porém, a prioridade é outra: ele tem de montar um
programa e uma equipe. O país foi devastado, e precisa de um plano,
muito mais do que de um presidente.


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