Mulheres feridas, nas mãos do Senhor
O tempo foi passando, e nós duas passámos horas conversando
e rindo muito das coisas que falávamos uma para a outra. Já
havíamos tido outras oportunidades de conversarmos antes deste
dia, mas desta vez era diferente, pois naquele exato momento
Cecília estava abrindo seu coração para mim e me permitindo
compartilhá‑lo com meus leitores, podendo assim fazê‑la
conhecida por completo.
Cecília começou então a contar‑me a sua história de vida e
de conversão, e eu, por minha vez, entre um gole e outro de café,
maravilhada, fiquei a observá‑la enquanto falava:
- Bom, Tânia, para mim, falar de outras pessoas talvez seja
menos complicado, pois se tratando de mim mesma parece‑me
uma tarefa impossível, porém, tentarei ser fiel às lembranças.
Confesso‑te que não será algo simples, pois muitas lembranças
foram apagadas da minha memória. Contudo, creio que o que
restou será o suficiente para que Deus possa edificar vidas, e
quando se trata de restauração, eis‑me aqui, tento dar o melhor
de mim para Deus, ainda que tudo que faço seja pouco, pois Ele
merece sempre o melhor. Confesso que a lembrança do passado
me envergonha, se eu pudesse não me recordaria mais, o lançaria
no mar do esquecimento e o deixaria ali para sempre, mas quando
se trata de vidas, o meu “eu” morre. Meu coração ferido e magoado,
não queria mais saber de Deus e de suas promessas. Não me
importava mais ter minha família de volta, tantos anos haviam se
passado desde que eu havia abandonado o Senhor, só existia luto
dentro de mim, eu havia matado a Jesus em meu coração quando
vi minha família ser destruída através da separação entre eu e o
meu marido, vi meus sonhos de um casamento feliz morrer diante
dos meus olhos!