Mulheres feridas, nas mãos do SenhorPor alguns instantes me esqueci da ligação telefónica e voltei
no tempo através das lembranças. Lembrei‑me do dia em que
dobrei meus joelhos em casa e desesperadamente pedi ao Senhor
que devolvesse a minha família, na época, com apenas vinte e três
anos de idade não tendo maturidade suficiente não conseguia
aceitar a ideia de perder meu marido e estava disposta a fazer
qualquer coisa a fim de reconquistá‑lo novamente.
Era uma tarde de verão, mas para mim ela era fria como o
inverno mais rígido da Europa, porque eu não conseguia sentir
paz em meu coração. Por alguns segundos as lembranças me
fizeram reviver a cena na qual eu me encontrava prostrada naquele
chão frio de casa, clamando em alta voz, chorando e orando ao
Senhor, orações que naquele momento não foram respondidas,
mas que hoje eu compreendo exatamente os motivos pelo qual
Deus não me respondeu na mesma hora. Fiquei tanto tempo em
silêncio naquele telefone relembrando aquela cena que não me dei
conta de que minha irmã continuava ali do outro lado da linha
telefónica e quando dei por mim ela estava me chamando:
- Cecília, você ainda está aí? Você está me ouvindo? Perguntou‑me
minha irmã aflita com meu silêncio no telefone.
Voltando à realidade, amargurada, respondi:- Não Célia, eu não quero mais ter meu ex‑marido de volta!
Obrigado! Diga ao teu Deus, que agora, eu não o quero mais!
Cecília pausou seu discurso, fixou‑me nos olhos e abaixou
seu olhar, como se quisesse se esconder de mim, suspirou, e
calou‑se por alguns segundos, demonstrando que a lembrança de
um dia ter deixado o Senhor realmente era vergonhosa para ela.
Respeitando o seu momento, tentei quebrar o gelo entre nós com
outra pergunta: