Tânia Brunellosabia que poderia recorrer naquela hora. Sinceramente, eu já estava
cansada de tantas confusões que aconteciam diariamente em minha
casa, que única esperança que eu tinha para mim mesma era a morte,
os anos passavam tão rápidos e nada parecia mudar, todos à minha
volta estavam intactos, sem vontade alguma de lutar por uma vida
melhor, aprisionados no pecado, na indiferença e na autossuficiência.
Éramos todos independentes de Deus e foi justamente este o motivo
pelo qual veio a nossa queda! Foi então que decidi sair desesperada
pelas ruas em direção a casa daquela senhora, corri, corri, corri, até
ficar cansada. Ali diante da sua casa, eu permaneci ali, inerte, esperei
que as minhas forças voltassem, e então, bati palmas até que a porta
se abriu, ela estava ali, diante dos meus olhos. Quando ela apareceu,
um sentimento de medo e vergonha tomou conta do meu ser, e
eu quis sair correndo dali e voltar para minha casa o mais rápido
possível, mas era tarde de mais para isso, agora era prosseguir e dizer
logo o que eu tinha ido fazer ali. Ela me olhou um pouco assustada
devido ao horário tarde da noite, estava escuro, e ela mal podia me
enxergar, não sabendo quem eu fosse, insistiu que lhe dissesse algo a
meu respeito, a coragem de falar apareceu e eu pude então lhe dizer
o verdadeiro motivo que havia me levado até à sua casa, disse‑lhe
que precisava urgentemente de ajuda, e que meu padrasto estava
em casa embriagado ameaçando minha mãe, como era costume
fazer todas as noites, e eu precisa que ela orasse comigo pois eu já
não suportava mais toda aquela situação. Ela sorriu, gentilmente
me fez entrar em sua humilde residência, perguntou‑me pelo meu
nome, e qual fosse a minha idade, ela parecia estar espantada com a
ideia de que uma menina de não mais de dez anos de idade pudesse
estar ali àquela hora da noite em sua casa pedindo por socorro. Eu
lhe expliquei a minha situação, e após ouvir‑me com atenção, ela
fitou seus olhos bem dentro dos meus. Passei minhas mãos pelo
meu rosto tentando enxugar as lágrimas que insistiam em cair, na
inútil tentativa de fugir do seu olhar. Ela permaneceu me olhando