Tânia Brunello
de mentiras, “destruindo” famílias, somente porque a sua família
havia sido destruída.
Convencia‑se dizendo a si mesma que tudo não passava de
uma profissão igual a outra qualquer, só que esta era mais rápida e
o caminho mais curto para os seus objetivos. Pode ser que ela tenha
realmente alcançado o que esperava financeiramente, mas amor
de verdade, liberdade, felicidade, e vida, isto ela nunca alcançou.
Foram inúmeras as vezes que polícias invadiam de surpresa o
seu local de trabalho e a levavam presa, algumas vezes ela conseguia
fugir, outras não, suas colegas de trabalho ficavam eufóricas, riam e
zombavam todas as vezes que eles conseguiam pegá‑la, pois com
a sua ausência, elas tinham mais chances de trabalhar e menos
concorrência.
Agora não era mais sua mãe atrás das grades! Não era
brincadeira de crianças, era realidade! Uma realidade que durou
anos. Com o tempo, Cecília foi adoecendo, a infelicidade que sentia
era tão grande que já não desejava mais viver, e sem esperanças,
pensou em suicidar‑se.
“E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.”
( João 17:3)
Cecília prosseguiu dizendo‑me:
- Sabe Tânia, naquela noite, cada palavra do Senhor batia tão
forte em minha alma, mas tão forte, que me deixou inquieta, e após
encerrar o telefonema com a minha irmã, não suportei a angústia,
peguei no meu casaco e saí sem rumo. Caminhei pelas ruas de
Milão, fazia muito frio, mas eu não sentia a baixa temperatura da
noite, apenas caminhava pensativa.