Mulheres feridas, nas mãos do Senhorvagão um personagem, amigos, familiares, pessoas desconhecidas
que encontramos nas ruas, locais públicos, pessoas que passam por
nossas vidas tão rápido que mal temos tempo de conhecê‑las, a
cada estação e que nosso comboio faz suas paragens, mas o mais
engraçado é que elas sempre deixam as suas marcas em cada um,
sejam boas, ou sejam más. Amores, paixões, ódio, tristezas, etc...
Penina deixou que o ódio e o ciúme tomassem conta da sua
alma, ela conhecia a dor da sua competidora e atacava justamente
nesta área, eu imagino que não deve ter sido fácil para elas e
principalmente para Elcana a convivência tribulada, eles tinham
que comer todos na mesma mesa, todos os dias, orarem e adorarem
todos juntos, somente na hora de dormir Elcana tivesse que
escolher com quem se deitar. Talvez eles dois tivessem estipulado
um dia para cada uma, ou talvez tirassem à sorte para ver sobre
quem cairia, ou quem sabe quando uma cobrava demais ele se
levantava e andava da outra, mas provavelmente Elcana deve ter
se afastado muitas vezes para ficar sozinho longe das brigas das
suas mulheres porque eu não creio que ele fosse indiferente às
divergências, afinal eles moravam todos juntos, e mulher não sabe
brigar em silêncio, por isto certamente ele deve ter se arrependido
muitas vezes da sua escolha de ter uma segunda esposa, talvez
ele tenha desejado a solidão em alguns momentos ou talvez em
outros momentos ele tenha preferido ser uma avestruz, enfiar a
cabeça num buraco e não tirá‑la mais dali, talvez uma tartaruga,
para se esconder dentro do seu casco e não sair mais. Imagino que
ali dentro ele estaria protegido, porque realmente viver ao lado de
uma mulher briguenta e outra chorona da sua própria sorte não
é fácil. Digo isto tirando de minha experiência própria, porque
sinceramente existiram dias em que eu quis fugir dos problemas e
me esconder de mim mesma, então posso compreender a situação
de Elcana, apesar das suas culpas.