AF MULHERES FERIDAS 150x220 V2_bx (2)

(BROOK) #1
Tânia Brunello

Não fazia outra coisa que chorar, me lembro das crises de
depressão que me acompanharam no passado, minhas roupas
eram escuras e meus cabelos negros, as feridas da minha alma
estavam abertas e sangravam, ninguém podia tocá‑las porque eu
não permitia. No passado eu costumava ter um impulso violento
quase que inconsciente quando alguém tentava entrar no mundo
que eu havia criado para me refugiar, e ameaçava invadir minha
alma. Na verdade eu não queria deixar que as feridas do passado
fossem embora porque eu as amava, glórias a Deus porque Jesus
levou sobre si todas as enfermidades da minha alma, não foi fácil
para eu ser liberta, e creio que não será nem mesmo para você,
não se preocupe porque Jesus preparou um dia só para vocês
dois, e este dia vai chegar! Acredito que nos momentos íntimos o
medo tomava conta de Ana e a inveja dominava Penina. Quando
eu estava triste, me trancava em um quarto escuro, e chorava as
minhas mágoas, quantas de nós nunca fizemos algo parecido com
o que vou narrar agora?


Por favor, não toquem na minha ferida, deixem ela ali quietinha,
em silêncio, não despertem o meu amor, pois quando eu quero me
lembrar dela, ligo uma música bem suave e romântica, com uma
garrafa de bebida alcoólica do lado e do outro um maço de cigarros,
porque são estes os meus companheiros fiéis de solidão, são eles que
me consolam, somente eles me acalmam, e me entendem; gosto
de estar no escuro do meu quarto, porque eu amo sofrer, me faz
bem sofrer e ter pena de mim mesma, quem mais teria compaixão
de mim e me compreenderia senão eu mesma? Não deixarei por
nada a minha tristeza e minha amargura, como é linda a cor negra,
me está tão bem, reflete a minha alma, sou um (a) pobre coitado
(a), ninguém se importa comigo. Ah, a autocomiseração!


Meus pais não me entendem, meu marido me abandonou,
eu sou tão boazinha, ele não me merecia, sim, quero morrer! Não!

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