Tânia Brunelloe acreditávamos que eles nos pertenciam; ela era um ano mais
nova do que eu, mais bonita, mais loira, de um caráter passivo
e extrovertido, a popular na escola, todos gostavam dela porque
sabia fazer amizades, ao contrário de mim que era a patricinha
antipática do bairro onde morávamos, aquela que andava sempre
com o nariz empinado, que escolhia com quem se relacionar e
por este motivo acabava sempre por estar sozinha, o que causava
nas pessoas um sentimento de antipatia. Era anormal os dias que
eu não apanhava das meninas na saída do colégio, afinal eu era
mesmo antipática, me lembro de que por todo o tempo que vivi
sem Cristo este mal da antipatia me acompanhou, nunca consegui
me relacionar com nenhuma mulher, meus amigos eram todos
homens e não porque eu não gostasse do sexo feminino, mas
sim porque nossas ideias não eram compatíveis, elas gostavam de
falar mal da vida dos outros ou de roupas e cabelos, às vezes de
contar vantagens do tipo com quantos homens tinham se deitado,
e a concorrência pela beleza, isto me irritava muito. Às vezes me
encontrava em um grupo de amigos, jovens que se divertiam
contando piadas, rindo à toa, e a única a sentir‑se sozinha no
meio deles era eu, eu havia criado um mundinho somente meu
e ninguém podia entrar. Quando alguém me via sorrir era um
milagre e os que não me conheciam sentiam horror à primeira
vista, minha irmã conseguia sempre o que queria, eu também, mas
não era igual, perdia a graça quando ela vencia a corrida em busca
da atenção do mesmo garoto, eu vivia mesmo até ao fim as minhas
paixões, no profundo, a história começava com uma brincadeira
e quando eu percebia tudo tinha se tornado uma triste paixão
não correspondida, talvez ela tenha se divertido mais do que eu,
pois nunca deixou de viver a brincadeira, irmãs sempre disputam
coisas, pessoas, beleza, amores, etc.
Sinto saudades desta época, não pelo facto da disputa, mas sim
pelo facto de que brincávamos e brigávamos juntas, sei que aquele