Tânia Brunello
assento, ele estava ali à minha espera, que emocionante! O lugar
era aquele, então, parei, respirei, arrumei a minha bagagem no
compartimento acima da minha poltrona, sentei‑me e exclamei:
“UAU, férias!”
Depois de algum tempo, mais tranquila e relaxada, notei
que os meus companheiros de cabine eram quase todos turistas
Canadenses, eu não podia entender o inglês que falavam, meu
italiano era básico e eu estava encontrando dificuldade para
aprendê‑lo na íntegra, outra língua para mim naquele momento
parecia‑me um grande desafio o qual, naquele momento, eu não
estava disposta a enfrentar.
Confesso que senti um grande desconforto, e um pouco
tímida, olhei aquele pequeno camarote em que estávamos de
parede a parede, percebendo que não havia nenhum espaço
para privacidade, isso significava que eu não teria uma viagem
silenciosa e solitária como eu desejava, então pensei:
“Meu Deus! Eu terei que estar por horas em um pequeno
espaço dividido entre seis pessoas sem nem ao menos entender o
que elas dizem! Que situação embaraçante!”
Apesar do desconforto, não tive medo do desafio que estava
à frente, aos poucos tentávamos nos comunicar com gestos e
algumas palavras em espanhol, embora não conseguíssemos nos
entender perfeitamente.
Estes foram, na verdade, momentos incompletos, pois no
fundo ficou em mim o desejo de compreender o que realmente
eles queriam me dizer.
A certo ponto, desisti da comunicação escondendo‑me em
meus pensamentos. Durante quase toda a viagem, me mantive
em pé na janela do comboio, observando atenciosamente cada
paisagem por onde passávamos. Toda a costa italiana, um mar