Tânia Brunello
- Senhora, nós teremos que operá‑la de emergência, o líquido
está comprimindo o cérebro, infelizmente, para a Hidrocefalia só
há uma saída, e é a válvula, mas acalme‑se, vai dar tudo certo.
Porém, te dou um conselho, encontre o pai da criança e diga‑o
para vir o mais rápido possível, pois precisamos da sua autorização
para a cirurgia. - Sim, doutor, eu irei encontrá‑lo! Quanto tempo eu tenho?
- Poucas horas, é urgente! Eh, senhora, veja bem, quanto mais
rápido o encontrar, mais rápido iremos operá‑la. Encontre‑o! - Sim doutor, obrigado.
Levando continuamente as mãos entre os cabelos e boca, em
um gesto de desespero, se perguntava:
- E agora, onde irei encontrá‑lo? Meu Deus, aonde ele estará?
Com o choro entalado na garganta, sabendo que naquele
momento não poderia demonstrar fraqueza, precisou ser forte, por
si mesma e por Clarice.
De repente, uma ideia lhe veio à mente, telefonar a todos os
seus amigos em comum e perguntar se alguém saberia onde ele
poderia estar. Aflita, procurou em seu bolso algumas moedas que
pudesse usar para as suas ligações, e encontrando alguns centavos,
telefonou a todos quanto se lembrou, mas infelizmente, ninguém
sabia informá‑la do seu paradeiro. Decepcionada, voltou o telefone
ao gancho, e ali naquele orelhão, cabisbaixa, clamou ao Senhor:
- Deus, onde ele está? Mostre‑me, Senhor, por favor, aonde
ele estará!
Não havia mais nada a ser feito, se não esperar que um milagre
acontecesse, pois tudo a levava a crer que a menina morreria.