Tânia Brunelloviessem à mente. Desta vez, trouxeram o seu pai, ele havia nascido
em uma família de classe média, diferente de Ângela, que cresceu
em um ambiente pobre. Diziam que ele era um playboy daquela
época, um rapaz muito bonito e inteligente, uma pena que não
soubesse usar a sua inteligência para se levantar e prosseguir,
pensou.
O medo e a dependência alcoólica o paralisaram por toda uma
vida, os vícios o impedindo de prosseguir em seus sonhos e ideais.
Infelizmente, milhões de pessoas pelo mundo fora terminam os
seus dias assim, falidos.
Cecília desejou que as lembranças não a perturbassem mais, mas
eram imprevisíveis. Elas estavam ali, e insistiam em permanecer.
Seus avós paternos estavam enfrentando um divórcio porque
existia uma “segunda” na vida dele, o adultério já tinha entrado
em sua parentela há séculos. Uma maldição hereditária que os
acompanhava há gerações. Ao se lembrar desse facto, nervosa
exclamou:
- Que sofrimento! Meu Deus, meu avô não podia ter feito
isso com a minha avó, ela o amava tanto, confiava nele! Porquê
meu Deus os homens têm sempre que agir assim?
Os pensamentos sobre seus avós foram infelizmente
interrompidos pela recordação de que o relacionamento dos seus
pais fora gerado de baixo de brigas, ciúmes, inveja, traições e
agressões físicas!
O pai de Cecília era considerado a ovelha negra da família,
mas para Ângela ele era lindo e perfeito; com o tempo, essa “beleza”
começou a desaparecer, e tudo o que ela enxergava diante de si eram
seus sonhos cancelados, e um príncipe que aos poucos virava sapo.