AF MULHERES FERIDAS 150x220 V2_bx (2)

(BROOK) #1
Tânia Brunello

somente brincar e serem livres, mas não podiam porque a nossa
realidade era aterrorizante. Os polícias levaram detidos todos os
adultos que se encontravam na casa, inclusive Ângela, que não
teve outra saída se não acompanhá‑los, deixando a sós os seus
filhos com seus medos e inseguranças.


Ângela não era uma mulher feliz, vivia triste pelos cantos,
nervosa, e tentava esconder‑se atrás das muitas drogas que
consumia. Hoje, já de idade avançada, parece ter se tornado uma
mulher sábia, arrependida, mas se olha para trás, pode ver o quanto
caminhou sobre espinhos e por estradas tortuosas.


Hoje ela sabe que muitas coisas não podem ser mudadas, e
que ainda há muitos frutos do passado para colher. Infelizmente,
seu relacionamento afetivo com alguns de seus filhos não é muito
estreito, mesmo assim ela continua crendo que um dia todos eles
serão curados e irão amá‑la quando a perdoarem do fundo do coração.


Cecília se perguntava continuamente o porquê destes
pensamentos não a deixarem em paz, e tentou inutilmente
concentrar‑se em sua pequena. Não podendo mais com tantos
pensamentos dolorosos, nervosa, Cecília levantou‑se da cadeira,
dirigindo‑se novamente ao telefone público, desta vez ligou para
uma das suas irmãs e esperou que ela pudesse responder a ligação.
Alguns minutos depois ouviu‑se uma voz:



  • Alô!

  • Alô Ana? Sou eu Cecília! Desculpe ligar a essa hora, eu sei
    que é tarde, mas é que a Clarisse teve uma convulsão, e estamos
    aqui no hospital na cidade de Bergamo. Você pode vir até aqui?

  • Oi Cecília! Meus Deus. Mas é grave? Claro que eu posso,
    que pergunta, em qual hospital vocês estão?

Free download pdf