Tânia Brunello
- Mara, por favor, diga‑me onde ele está? Não me esconda,
por favor, não me esconda! Eu sei que você sabe. - Cecília querida, eu não sei como te dizer.
- Apenas, diga! – Respondeu com um tom de voz amedrontado.
- Ele voltou ao Brasil ontem à noite com outra mulher!
Houve silêncio.
Em silêncio, Cecília desligou o telefone sem nem ao menos
se despedir, pois seu mundo acabara de desabar. Caminhou
cabisbaixa, voltou para o quarto, olhou para todos ali, e sem dizer
nenhuma palavra, deitou‑se ao chão em um colchão que estava ao
lado da pequena cama de Clarisse.
Dentro de Cecília havia muitas perguntas, “como fariam
com a menina?” “Como ele pôde ter tido esta coragem de nos
abandonar, como pôde ter feito algo semelhante com nós duas?”
“Como pôde alguém que dizia amar‑me e proteger‑me, me
abandonar aqui com uma criança entre a vida e a morte?” Como
ele pode fazer isso com a gente?”
Cecília inconformada se perguntava continuamente o porquê
de tudo isso, daquele momento em diante, não viu e não ouviu mais
nada ao seu redor, reservou‑se em uma solidão interna onde não
houve espaço para mais ninguém. Já não tinha mais esperanças, a
depressão estava ali ao seu lado para destruí‑la, e sem pedir licença,
mais uma vez as terríveis lembranças voltavam.
Desta vez traziam com elas a vez em que Cecília viu Cláudio pela
primeira vez. Ela resolveu mudar de colégio, encontrou um trabalho
como secretária, e foi neste colégio que conheceu o primeiro amor de
sua vida e que também foi sua primeira decepção amorosa, Cláudio.