Tânia Brunello
Seis horas depois um médico veio ao encontro de Cecília,
com uma aparência serena. Ela ao vê‑lo se colocou em pé, diante
dele, extasiada, e com seu coração pequenininho e amedrontado,
respirou profundamente, fixando seus olhos nos dele, soltou a
respiração lentamente a fim de recuperar a serenidade e suportar a
resposta que estava por vir, então ele lhe disse:
- Senhora, fizemos todos os exames necessários, esperamos
algum tempo para vermos se com os remédios poderíamos
de alguma forma de evitar a cirurgia, pois como já é do seu
conhecimento a doença é de um alto nível de complexidade,
mas para nossa surpresa, observámos que algo inusitado estava
acontecendo, refizemos o exame diversas vezes para termos a
certeza do ocorrido, e apenas uma palavra pode explicar o que
aconteceu...
Lágrimas correram dos olhos de Cecília, e de repente tudo lhe
ficou escuro, não sentindo mais o chão, foi se sentando. Seu coração
inseguro insistia em não acreditar que algo bom pudesse acontecer,
ela esperava que o médico lhe dissesse logo que a menina havia
partido, enquanto mordia as unhas, emitia um som parecido com
um gemido que mais queria dizer socorre‑me do que qualquer
outra coisa, pois a dor dentro de si era tão insuportável que ela
não conseguia entender como era possível que ainda estivesse
suportando corajosamente toda esta situação, e com um nó na
garganta, mal conseguindo falar, juntou as forças que lhe sobraram
e sussurrou‑lhe:
- Diga logo doutor, por favor! O que aconteceu com minha filha?
- Senhora, acalme‑se!
- Doutor, o que aconteceu? Eu não consigo mais ter calma,
estou aflita, diga‑me logo, minha filha morreu? É isso?