REVISTA VOO LIVRE 16 - NOVEMBRO

(MARINA MARINO) #1
Artigo de Marta Cortezão

Nas Teias Do Poema VIII: Entre Percepção e Memória

A realidade apenas se forma na memória; as
flores que hoje me mostram pela primeira vez não
me parecem verdadeiras flores.
{Marcel Proust}

No oitavoepisódio do Nas Teias
do Poema, um quadro realizado pelo
Projeto Enluaradas, vamos dialogar
sobre o “fazer literário” que se
(entre)cruzaneste processodecriação
da escrita, nestas teias que se
(des)tecem no corpo do poema. Para
nossoencontropoéticodehoje,teremos
a companhia das autoras: Maria do
Carmo Silva, Patrícia Cacau, Lucila
BoninaeMartaCortezão


Neste oitavo episódio,desejamos
falarsobreestesfiosdamemóriaquese
laçam e seentrelaçam no exercício de
nossa escritura. Quais são este(s)
gatilho(s)capaz(es)defiarestesudário
na carne nua/crua da linguagem? Em
quecamposdenossaspercepçõesestas
sensações afloram? Que sabor(res) ou
cheiro(s)noslevarãoaumpoema?Que
“madeleinesdeProust”preparamosno
“forno”denossamemória?


Mas como o escritor francês
MarcelProustconcebeestamemória
em sua famosa série de sete
romances, “Em busca do tempo
perdido”? Para Proust,a apreensão
da realidade se dá de forma
inconclusa e insuficiente, pois a
memória involuntária é vista como
catalisadora de um tempo perdido,
resgatado e ressignificado pelo
intelecto através de fragmentos
temporaisquenosdãoumaimagem
relativizadadarealidadeplena:
“[...]nemtudooque acontece
me ocorre:osino tocandoemSaint
Hilarie. Muitas vezes até essa hora
prematurasoavaduasbatidasamais
que a última, havia, portanto, uma
que eu não ouvira, algo que não
acontecera para mim”
(PROUST apud PEREIRA, 2014 , p.
10 - 11 ).
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