ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

embora, suponho, a dor estivesse lá, era a dor do corpo. E, bem,
mas isso não é você.


E: O que me faz ficar aqui ainda, mais ou menos bem, tem sido
isso, o não Identificar-me com o personagem. Mas reconheço que
há dias que me canso. Isso é normal? Ou esse estado pode
desaparecer em algum momento? Digo esse cansaço, o cansativo
desse corpo físico que arrastra algo ilusório do sonho. Você se
levanta pela manhã, e o corpo está outra vez aí, e segue
paralisado. Mas, durante o sonho, não. Nos sonhos não sou assim.
Os sonhos são normais.


A: Ah! Mas e se alguém lhe dissesse que você tem um minuto de
vida, você ficaria cansada? Com seu corpo?


E: Se eu tivesse um minuto de vida?


A: Claro! Simplesmente você pensa: Ah, toda a vida vou continuar
assim? Mas isso é uma projeção, é uma suposição, não é verdade.


E: Sim, é certo. Eu penso que isto é assim para o resto da minha
vida. Por Deus!


A: E o resto da tua vida é o que? Porque, o resto da vida pode
terminar esta noite, ou amanhã de manhã. Qual é o resto?


E: Eu não sei.


A: Claro! Porque não se pode saber. A consciência implica num
certo sofrimento, do qual, cada parte da manifestação participa.


E: Mas, por exemplo, você, como personagem, encontra algum
sentido?

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