ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

sei se vocês podem imaginar o susto que levei, porque ele não
poderia sair sozinho, tinha apenas dois meses. Então meu
personagem dentro do sonho (como diria Alegría) enlouqueceu.
Fiquei histérica. Não podia conceber que, em um segundo, o
bebê havia desaparecido. Alguém o havia levado.


Larguei o pão, larguei tudo e comecei a gritar como uma louca,
procurando ao meu redor. Uma multidão de pessoas me
observava, mas eu não parava de gritar: “Meu bebê! Meu bebê!
Roubaram o meu bebê!” Corri em todas as direções procurando
a criança, com o coração que ia explodir e as pessoas se
afastavam. “Roubaram o meu bebê!”


Por impulso de mãe, ou porque fazia parte do meu carretel, eu
percebia que a multidão se afastava enquanto eu passava e me
olhava. Mas, dentro dessa multidão, uma pessoa continuava
andando, alheia ao que faziam os demais, sem se virar, sem se
perturbar nem um pouco com meus gritos. Então eu corri em
direção àquela pessoa. Por que o fiz? Hoje em dia, quando penso
nisso, não encontro uma explicação. Talvez por instinto de mãe,
não sei.


Como eu disse, corri em direção à pessoa até alcançá-la. Meu
coração batia muito forte. E só sei que a alcancei. Eu a agarrei e
virei. Em seus braços, a pessoa carregava Daniel.


Eu o arranquei e voltei a correr, sem mais. Só escutei umas
palavras daquela mulher dizendo que eu estava histérica, que eu
estava louca. Nem me importei com aquilo tudo. Só queria sentir
meu filho. Eu acredito que até deixei ali o carrinho do bebê e as
compras. Corri em direção à minha casa, que ficava bem em
frente. Não me lembro como subi até lá. A única lembrança que
tenho é de Daniel em meus braços e eu o apertava forte,

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