ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

enquanto dizia: “Por Deus! Estou com meu bebê e não o soltarei
mais.”


Com o tempo, quis esquecer o ocorrido. Doía-me tanto, que não
queria contá-lo para não recordar. Daniel estava comigo e isso
era o mais importante.


É uma vivência que não tinha compartilhado com ninguém.
Afetava-me por demais explicar o ocorrido. Acredito que apenas
comentei com meu marido na época e pai de meus três filhos,
mas nem sequer estou segura de havê-lo feito. Não consigo
recordar se lhe contei ou não. O que recordo, com total
claridade, é que abraçava Daniel contra meu peito e dizia: “Eu
tenho você!”


Isso, claro, estaria no carretel. Nunca quis me aprofundar muito
no ocorreu, por que o roubaram de mim? O que queriam fazer
com ele? O máximo que consegui pensar é que se tratava de
uma mulher que não podia ter filhos e que não estava muito
bem, que o descobriu no carrinho e viu a oportunidade de ter
um bebê. Não sei! Nem sequer me interessava. O importante era
que apenas eu tinha Dani de novo.


Desde então, não pude evitar uma espécie de medo, que tinha se
instalado no mais profundo de mim. Medo de perdê-lo. Um
medo que perdurou durante os 20 anos de sua vida.


Com ele, houve várias histórias alegres. Porque Dani, quando
nasceu, era um bebê forte, confiante, divertido, com poucos
problemas. Uma criança que ria, que brincava, bastante sociável.
Até a idade da adolescência que, como todos os jovens, tinha sua
personalidade. Mas nunca fez barulho. Foi uma criança fácil de
criar, embora com algumas particularidades, claro, como diria

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