ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

A: De maus momento, não. De momentos não aceitos.


E: Não sei... porque, se te estão martirizando, se você está num
campo de concentração, como vai aceitar isso?


A: Sim, aconteceu com os mártires.


E: Os mártires?


A: Sim...


E: Eu, como tenho recordações tão horríveis de minha passagem
pelo Hospital, elas sempre me levam a não querer isso. E,
precisamente, por ter tanto medo de hospital, de quando quebrei
o braço, aconteceu que aconteceu. Porque eu, naquele momento,
pensava: “vão me matar, vão me enterrar viva, vão me meter num
saco”. E, de repente eu caio e têm que me levar ao hospital, porque
quebrei o outro braço. E enquanto me levavam na ambulância,
me ponho a pensar: Uau! Estou de novo onde não queria, em uma
ambulância, e agora o que vai acontecer? De repente, me situei no
“aqui e agora” e disse: “Aceito! Aceito! Estou aqui e já verei”. O
curioso é que não passei por nada, entrei diretamente pela
traumatologia, apareceu um médico maravilhoso e me disse:
“Não foi nada. Apenas deslocou o braço. Faremos uma
radiografia, embora nenhum osso tenha sido quebrado. Vamos
recolocá-lo e transferir-lhe à sua casa”. Recolocaram o braço no
lugar e fui para casa. Quero dizer que não ocorreu nada do que eu
tinha imaginado. Tudo transcorreu muito normal. Nada de que
me iam segurar lá, que iam fazer o teste do covid, que iam me
internar... e sei mais o que! As paranoias que se leem e ouvem
constantemente nos noticiários.


A: O medo é o pior inimigo.

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