ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

E: Você desdramatiza tudo a partir desse ponto. Agora a única
coisa que nos resta é ficarmos sentados aqui, tomando café da
manhã.


A: Não é que eu desdramatizo, o que eu faço é que não dramatizo,
o que é muito diferente.


E: Isso era Nisargadatta que dizia?


A: Claro! Dizia que não há fazedor, que tudo tem lugar, que tudo
acontece, que a única coisa que você pode fazer é, simplesmente,
presenciar o que acontece, porque você não pode interferir e nem
mudar nada. Como um objeto, uma figura sonhada, vai mudar
alguma coisa?


E: Tudo isso eu posso entender, mas acho estranho que esse
personagem de que falamos, por exemplo, quarenta anos depois,
não possa ter uma compreensão sobre este mundo. Acho muito
difícil captar isto. Não sei se a humanidade estaria preparada
para entendê-lo. Como você vê isso?


A: Esse é o ego, a mente que não quer aceitar que é ilusório. Por
isso assume que é o fazedor, que o que atua é sua vontade, que ele
decide sua vida. Nada mais que isso.


E: Porque, dentro da vida cotidiana, esses papéis que temos,
poderiam ser meio compreendidos, mas a nível de como se move o
mundo, como entender: que não há um fazedor, que não tenha
havido um Hitler, que não tenha havido campos de concentração.


A: Sim, sim, houve um Hitler, mas também houve um Gandhi e
outros personagens.

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