ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

que você chama de personagem de carne, nasce através de um
corpo.


A: Aparece com o corpo, e o corpo aparece espontaneamente da
união de um espermatozoide com um óvulo. E a consciência é
inerente a tudo; estava já aí.


E: Bem. Então dizemos que esse feto não tem consciência.


A: Sim, sim. A consciência já está aí, do contrário não haveria feto.
É corpo e consciência, porque é um, não é dois.


E: Então de onde viemos? Não somos O Absoluto?


A: E se não viermos de ninguém? Por que você está sempre
pensando em termos de indivíduo? De onde eu venho? Mas quem é
esse indivíduo que vem e vai? Quem é esse indivíduo? Somos tudo,
somos a totalidade, mas não como indivíduos. Como indivíduos
somos uma quimera mental, um fantasma fenomênico.


E: Deixe-me ver se eu o posso integrar. Não me movi do sofá, como
eu digo, e me manifesto em um feto.


A: Não há um eu que se manifesta em um feto, há a manifestação.


E: O personagem é o que se manifesta em um feto.


A: Como vai se manifestar o personagem em um feto? O
personagem desapareceu, quando desapareceu o corpo. Uma vez
que você se dê conta de que não é o personagem, você também
desaparece; embora o corpo continue aí. Se não, em última
instância, com o desaparecimento do corpo, acabou-se o
personagem. Acabou-se o “eu sou fulaninho”, o “eu sou um
rapazinho”.

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