A: Por que as coisas têm que servir para algo? Por que têm que ter
uma finalidade, um sentido? Simplesmente acontecem.
E: Para mim, é muito difícil compreender, e creio que isso ocorre a
muita gente, encaixar-se nisso.
A: Ah! Mas quando começa o sofrimento? Começa com o sentido
de presença.
E: Eu não refiro tanto ao sofrimento. Refiro-me mais à dor.
A: Sim, a dor física, porque o sofrimento seria mais uma dor
mental.
E: Refiro-me, sim, ao físico, a ter que arrastrar esse corpo que se
afoga, que não pode, que não se move, que dói se você o forçar. O
esforço de aguentar um corpo que está em mal estado!
A: A manifestação é como é. E tudo, com o tempo, vai se
deteriorando, até que finalmente desaparece. E, bem, essa
deterioração será com dores ou sem elas, depende; não é uma
condição sine qua non.
E: E tem algum sentido? Porque, realmente, não tem nenhum.
A: Que sentido tem um sonho? Tem algum sentido um sonho?
E: Mas é necessário isso para o experimento da consciência? Este
tipo de experiências tem algum sentido?
A: Sentido? Sim, é distração para a consciência.
E: Mas, por exemplo, tem gente para quem isso é consequência de
algo. Eles acreditaram que isso é a consequência de algum
comportamento, de um mal hábito, um... eu ia dizer castigo, mas