ELISA-BERNAL-MINHAS-CONVERSAS-COM-ALEGRÍA (1)

(MARINA MARINO) #1

E: Mas eu não falo tanto de sofrimento, porque creio que eu não
sofra. O que me incomoda mais, é o estado do corpo, a dor física, é
como se arrastasse, em cima de mim, toneladas de carne inerte,
que não se movem e que preciso mover. É muito difícil.


A: A manifestação é como é. Implica um certo sofrimento.


E: Esta pergunta que te faço agora, já a fiz a muita gente. A
pergunta é: Vale a pena que a consciência experimente isto?


A: Se vale a pena? Não sei quem escolheu ter consciência ou não.
Quem a escolheu?


E: A própria consciência escolheu experimentar.


A: Ah! A consciência, sim, claro. Mas não você, como um Eu, com
maiúscula, mas a consciência, efetivamente. As experiências são
movimentos da consciência. Se não há consciência, não há
experiência; nem de sofrimento, nem de nada.


E: O “Eu” com maiúscula, a que você se refere?


A: Que você não sofre. Você percebe que há sofrimento, mas não
sofre. Você é perfeita, como pode sofrer? Sim, é certo, há
sofrimento, mas não sou eu aquele que sofre.


E: Você fez referência de que Nisargadatta, no final de sua vida,
teve um câncer, não?


A: Isso! Ele teve um câncer de garganta.


E: E segundo o que contam, como ele viveu isso?


A: Claro que ele também passou por dores, mas ele não tinha
consciência colocada ali, e era capaz de seguir com suas palestras,

Free download pdf