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(Antfer) #1

O que fazer com a Nicarágua?


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Internacional
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: ISABEL SAINT MALO DE ALVARADO


O regime de Daniel Ortega e Rosario Murillo realizou
sua eleição de fachada no domingo, removendo
qualquer vestígio final de dúvida de que a Nicarágua é,
infelizmente, uma ditadura. A questão urgente agora
diante de nós é: como o restante do mundo deveria
reagir?


Não há soluções milagrosas para a situação da
Nicarágua, e expectativas a respeito do que pode ser
feito neste momento devem ser equilibradas com
realismo. Mas ainda há opções capazes de colocar
pressão real sobre o regime Ortega-Murillo e mostrar
que mais uma ditadura na região não será tolerada.


A comunidade internacional, liderada por EUA, Canadá
e União Europeia, deveria começar por não reconhecer
os resultados do que o presidente Joe Biden descreveu
como uma 'pantomima eleitoral' e aumentar a pressão
com sanções. Exigência de libertação imediata de todos
os presos políticos, liberdade de dissensão e expressão,
respeito por direitos humanos e um calendário eleitoral
que garanta eleições livres dentro de um ano deveriam


ser pré-requisitos para o alívio dessas sanções.

O caminho que levou a Nicarágua a se juntar a Cuba e
Venezuela na lista das ditaduras americanas foi longo,
mas previsível. Ortega ocupa o poder desde 2007, em
três mandatos consecutivos, e o próximo será seu
quarto. Se levarmos em consideração seus anos no
poder na década de &o, ele é o governante mais
longevo da Nicarágua, com um total de 28 anos no
cargo.

Em 2018, quando manifestantes foram reprimidos de
maneira brutal, o governo nicaraguense começou a
silenciar sistematicamente opositores e jornalistas.
Veículos da imprensa independente, como El
Confidencial e 100% Noticias, foram invadidos por
forças policiais e forçados a encerras as atividades. Os
estúdios da Radio Diario foram destruídos por forças
paramilitares.

Comunicadores nicaraguenses sofreram agressões
físicas, exílio forçado de mais de 70 profissionais,
destruição de equipamentos, processos ilegais
promovidos pelo sistema Judiciário e até morte.
Bloqueio de outros meios de comunicação, como La
Prensa, para impedir suas atividades, também fizeram
parte do esquema.

TORTURA. Há mais de 150 presos políticos no país,
incluindo candidatos da oposição à presidência e
lideranças do setor privado, todos com o denominador
comum de ter expressado oposição ao regime. Os
prisioneiros estão sofrendo assédios, privação de
comida, de comunicação, estão isolados e proibidos de
receber visitas de parentes ou advogados de defesa.

De acordo com parentes e organizações de defesa de
direitos humanos, os presos políticos estão sendo
torturados. A Corte Interamericana de Direitos Humanos
ordenou a libertação imediata de uma longa lista de
prisioneiros políticos, mas sua ordem foi ignorada.

As consequências de não agir com firmeza e rapidez
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