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(Antfer) #1

Cultura é chave e porta para o país


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Juca Ferreira


Atravessamos uma crise política e institucional sem
precedentes, mar cada por retrocessos civilizacionais,
ameaças autoritárias e investidas do ultra
neoliberalismo sobre conquistas sociais, riquezas
naturais e ativos econômicos do povo brasileiro. Dramas
como as tragédias ambientais, a fome, o desemprego, a
distopia e o pessimismo colocam em dúvida nossa
capacidade de sobreviver como nação livre e soberana.


Diante de um impasse dessa proporção, setores
progressistas da sociedade reconhecem a urgência de
pensar e propor caminhos para a reconstrução e
aprimoramento da democracia brasileira como base
para uma ação política que responda às nossas
grandes necessidades humanas, sociais, econômicas,
políticas e culturais.


As soluções para tantos problemas devem ultrapassar
as disputas políticas e econômicas imediatas porque
demandam reflexão, conhecimento e elaboração. A
construção de alter nativas para uma sociedade justa e
igualitária passa pela cultura, pois precisamos enfrentar


chagas históricas, como as perversões escravagistas e
a herança colonial que ainda nos definem e nos limitam.

A cultura é argamassa da coesão nacional; é espaço
que abriga e processa as identidades culturais
regionais, étnicas, etárias, de gênero e quantas houver;
é espaço de comunicação e de ressignificação de
visões sobre a vida coletiva. É uma chave para a
emancipação e porta para o século 21, abrindo
oportunidades de inserção soberana do Brasil no
mundo.

Precisamos olhar sim para nossa valiosa bagagem
histórica, como a Semana de Arte Moderna de 1922 - s
vésperas do seu centenário - e para o nosso processo
cultural, particularmente para a experiência criativa das
artes, as políticas de Getúlio Vargas e a trajetória desde
o fim da ditadura militar.

Mas, de forma mais ampla, precisamos refletir sobre a
guerra cultural, arma de um projeto global
antidemocrático e antipopular da extrema-direita, que
promove a corrosão da vida civilizada, da democracia e
das ideias de justiça e igualdade no Brasil e no mundo.

É para isso que estão reunidos, desde segunda-feira
(8), grandes nomes da cultura, política e sociedade civil
nos Seminários Cultura e Democracia. Entre eles, o ex-
ministro da Cultura Gilberto Gil; o sociólogo e escritor
italiano Domenico De Masi; a ministra da Cultura da
Bolívia e líder indígena, Sabina Orellana; o economista
Luiz Gonzaga Belluzzo; a filósofa Marilena Chauí; o
representante da Fundação Friedrich Ebert, Christoph
Heuser; o presidente da SBPC (Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência), Renato Janine Ribeiro; a
poeta mexicana e representante dos povos indígenas
na ONU, Irma Pineda; o professor universitário Muniz
Sodré; e muitos outros pensadores, ativistas,
pesquisadores e estudiosos nacionais e internacionais.

É hora de acolher colaborações de todo o universo
intelectual, político e cultural da sociedade brasileira.
Promover um diálogo com enfrentamento de ideias e,
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