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Ortega vence eleição de fachada e vê pressão contra Nicarágua crescer


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mundo
terça-feira, 9 de novembro de 2021
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Autor: Sylvia Colombo


O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, 75, ganhou a
eleição presidencial de fachada organizada neste
domingo (7), em que disputou o quarto mandato
consecutivo. De acordo com os resultados oficiais, o ex-
líder sandinista obteve 76% dos votos -divulgados
inicialmente às 3h no horário local (6h em Brasília) , eles
foram revisados em um ponto percentual para cima na
tarde de segunda (8).


'Não podemos nos esquecer quem são os que
provocam terror e quem são os que promovem a paz',
afirmou Ortega, ao votar na capital, Ma-nágua, no
domingo. 'O voto não mata ninguém, não fere ninguém.
Não ouçam os que conspiram, os que semeiam a morte
e o ódio. São demônios que não querem paz nem tran-
quilidade para o nosso país.'


Após a apuração de metade das urnas, a presidente do
Conselho Supremo Eleitoral (CSE), Brenda Rocha,
anunciou que o candidato liberal Walter Espinoza -
apontado como colaborador do governo- aparece em
segundo lugar, com 14,4% dos votos. Com bandeiras


da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN),
simpatizantes de Ortega festejaram durante a
madrugada em Manágua.

Ortega votou ao lado da mulher, Rosário Murillo, 70,
que ocupa formalmente o cargo de vice e tem se
tornado o rosto e a voz do regime. A chapa dos dois
disputou o cargo contra cinco outros candidatos -todos
parte do teatro do pleito de fachada, já que são aliados
do governo. Nos últimos seis meses, o regime prendeu
outros sete postulantes de oposição, acusados de
lavagem de dinheiro e traição à pátria.

Entre eles estão Cristiana Chamorro, filha da ex-
presidente Violeta Chamorro, que derrotou Ortega em
1990; Miguel Mora, fundador do canal 100% Notícias,
desapropriado pelo regime; e o ex-embaixador Arturo
Cruz. Também estão detidos outros 32 políticos
opositores e mais de cem sindicalistas, jornalistas e
ativistas de direitos humanos.

A repressão contra críticos de Ortega, no poder de
forma ininterrupta desde 2007, acirrou-se em 2018,
quando mais de 300 manifestantes foram mortos em
confronto com as forças de segurança e grupos
paramilitares. Embora o regime tenha feito um acordo
com a oposição no ano seguinte, prometendo eleições
livres, o pacto não foi cumprido.

Ortega hoje domina, além do Executivo, o Legislativo e
0 Judiciário. Além dele, a eleição deste domingo
apontou 90 membros da Assembléia Nacional. Segundo
relatou o jornal La Prensa, houve apreensões na
madrugada de domingo de integrantes dos partidos
opositores Aliança Cidadã e Coalizão Internacional.

O pleito não contou com observadores internacionais,
que, na visão da Justiça local, alinhada ao regime,
poderíam intervir no processo. Poucos jornalistas
estrangeiros puderam entrar no país, e veículos
independentes locais, como o site El Confidencial,
impedidos de operar nos últimos meses, noticiaram
sobre o pleito a partir da Costa Rica.
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