Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Mundo
terça-feira, 9 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Mundial
Ainda na noite de domingo, o presidente dos EUA, Joe
Biden, chamou o pleito de Manágua de farsa e disse
que seu governo e a comunidade internacional devem
usar 'ferramentas diplomáticas e econômicas' para
auxiliar os nicaraguenses e responsabilizar Ortega e
Murillo. A União Européia adotou o mesmo tom e
afirmou, em comunicado, que as eleições 'carecem de
legitimidade' e 'completam a conversão da Nicarágua
num regime autocrático'.
O governo espanhol considerou o processo eleitoral um
'escárnio' e a Costa Rica declarou que não reconhece o
resultado das eleições no país.
Por outro lado, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro,
felicitou o aliado, e a Rússia chamou de inadmissíveis
as contestações de países ocidentais. 'Pelo que sei,
quando terminou a votação a Casa Branca declarou sua
recusa em reconhecer a eleição e convocou outros
países a fazerem o mesmo. Consideramos isso
inadmissível e condenamos veementemente tal política'
disse o ministro de Relações Exteriores russo, Serguei
Lavrov.
Ao assumir, Biden manteve sanções impostas por seu
antecessor, Donald Trump, que incluem multas e
impedimento de entrada no país de altos funcionários
do regime e familiares do ditador. Agora, o democrata
assinará um arsenal de medidas, com base na lei
Renascer, para aumentar a pressão sobre o governo de
Ortega. A situação na Nicarágua será debatida nesta
semana na Assembleia-Geral da Organização dos
Estados Americanos (OEA), que pode suspender o país
do bloco.
Analistas advertem, contudo, que um isolamento vai
piorar a situação socioeconômi-ca e provocará novo
aumento da migração. Com 6,6 milhões de habitantes, a
Nicarágua é um dos países mais pobres da América
Latina e enfrenta recessão há três anos, agravada pela
pandemia. Segundo o Banco Mundial, o país deve
sofrer a terceira pior contração econômica do hemisfério
ocidental em202i, ficando atrás só de Haiti e Venezuela.
Em 2020, o PIB encolheu 8,8% e, para este ano,
projeta-se cifra negativa de dois dígitos.
A escalada autoritária e a crise têm feito crescer a
migração -legal e ilegal. Os destinos preferidos são a
Costa Rica, onde está a maioria dos perseguidos
políticos, e os Estados Unidos, que receberam mais de
50 mil nicaraguenses só neste ano, segundo a agência
de notícias Reuters. Em San José, capital costa-ri-
quenha, na Cidade da Guatemala e em Miami foram
registrados protestos neste domingo de exilados e
opositores.
Opositores exilados organizaram uma campanha
instando a população a não sair para votar. 'Uma
grande abstenção é tudo o que podemos fazer agora.
Mostrar ao regime que o rejeitamos e à comunidade
internacional que precisamos de ajuda', disse Ivania
Álvarez, do Aliança Nacional, a partir de San José.
O Conselho Supremo Eleitoral calculou em 65% a taxa
de participação. O observatório independente Umas
Abertas afirmou, no entanto, que a abstenção alcançou
81,5%, mas não possível verificar os dados. Pesquisa
recente do instituto Gallup indicou que 78% dos
nicaraguenses consideravam a reeleição de Ortega
ilegítima e que 65% diziam que votariam na oposição,
se fosse possível.
O voto não mata ninguém, não fere ninguém. Não
ouçam os que conspiram, os que semeiam a morte e o
ódio
Daniel Ortega
ditador da Nicarágua
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