Com Brasil e outros emergentes, 'a Huawei contra-ataca' os EUA
Banco Central do BrasilFolha de S. Paulo/Nacional - Mundo
sábado, 13 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - Mario DraghiClique aqui para abrir a imagemAutor: Nelson de Sá
Na terça (9), cinco dias depois do leilão do 5G no Brasil,
a revista Foreign Affairs, porta voz do establishment
americano de política externa, subiu o artigo 'A Huawei
contra-ataca'. No subtítulo, 'Para vencer a China em
tecnologia, a América precisa investir no mundo em
desenvolvimento".
Apesar do cerco iniciado ainda por Trump à empresa
chinesa, "a Huawei continua a comercializar sua
tecnologia de forma agressiva no mundo em
desenvolvimento, onde foi amplamente adotada".
Em outras palavras, avisa o artigo, "ao aprofundar sua
presença em grandes mercados emergentes como o
Brasil, a Indonésia e a Nigéria, a Huawei está se
posicionando para crescer novamente".
O cerco de anos foi bem-sucedido, mas não naquilo que
buscava. O governo americano proibiu o acesso da
empresa a chips e aos aplicativos do Google, o que
atingiu em cheio sua unidade de smartphones, que era
das mais lucrativas.
A Huawei chegou a ser líder mundial em aparelhos
vendidos, havia acabado de passar a coreana
Samsung, e agora desabou para o nono lugar. No
terceiro trimestre, sua receita caiu 38%, anualizados.
(Significativamente, outra chinesa, a Xiaomi, que não foi
sancionada e não é fornecedora de infraestrutura 5G,
tomou a ponta neste ano.)O alvo não eram os smartphones da Huawei, mas sua
liderança também mundial como fornecedora de
tecnologia para operadoras, mercado em que os EUA
apoiam a sueca Ericsson e a finlandesa Nokia -mas que
tem como segunda força uma outra empresa chinesa, a
ZTE, como sublinhou o Financial Times.O jornal reportou há duas semanas que Washington
"não gosta do domínio da Huawei e tem tentado
intimidar os governos europeus", para tirá-la de seus
sistemas, defendendo para tanto uma tecnologia
alternativa (Open RAN). "Mas não houve convergência",
tanto em reuniões com a União Europeia como no G7.Até as supostas vitórias americanas anteriores junto aos
europeus, contra a empresa, vêm se revelando frágeis.Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel contornou
seguidamente as pressões tanto de Trump como de Joe
Biden e manteve a Huawei, como queriam as
operadoras. Na Itália, que chegou a barrá-la
formalmente, o primeiro-ministro Mario Draghi acabou
liberando sua negociação com a operadora Vodafone.E a operadora BT já avisou ao governo britânico, em
entrevista à BBC, que "é impossível" tirar a Huawei de
sua infraestrutura "em menos de dez anos". Ou seja, no
país mais dócil às demandas americanas, ela
permanece até a década de 2030, pelo menos.O mesmo vale para Noruega, o principal mercado
nórdico para a chinesa, e outros europeus. Mas o maior
problema, para a Foreign Affairs, é o mundo em
desenvolvimento, onde está sendo definido quem vai