A FATURA DA CRISE HÍDRICA
Banco Central do Brasil
O Globo/Nacional - Brasil
sábado, 13 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 1 - IPCA
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Autor: MANOEL VENTURA
Uma das principais responsáveis pela alta da inflação
neste ano, a conta de luz deve seguir pressionando os
preços e o orçamento das famílias em 2022. A Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) prevê que a tarifa
deve subir 21, 04% no próximo ano, conforme antecipou
o jornal Estado de S. Paulo. O número representa uma
média nacional, que pode ser maior ou menor, a
depender da região.
O reajuste de dois dígitos seria uma consequência
direta da crise hídrica, que já resultou em uma série de
aumentos para o consumidor neste ano. Diante da
maior seca em 91 anos e da ameaça de apagão ou
racionamento, o governo adotou uma série de medidas
para mitigar esses riscos, e as chuvas se intensificaram.
Agora, a conta da crise deve ser repassada ao
consumidor no próximo ano, em razão do custo maior
de produção de eletricidade com o acionamento de
usinas termelétricas.
Após a divulgação do número, a Aneel informou em
nota na noite de ontem que ainda se trata de previsão
preliminar e que não inclui medidas de 'atenuação
tarifária' que podem ser adotadas. Uma das soluções
com as quais o governo trabalha para evitar um reajuste
de dois dígitos em ano de eleição é um socorro
bilionário às distribuidoras.
O aumento proposto pela Aneel, de 21, 04%, seria o
mais alto em sete anos caso seja, de fato, adotado. A
comparação é com os reajustes anuais das
distribuidoras. Essa análise não leva em conta os
efeitos de eventuais aumentos decorrentes da adoção
da bandeira tarifária (a sobretaxa na conta de luz) ou
reajustes extraordinários.
IMPACTO NA ECONOMIA
O impacto no orçamento do consumidor, porém, vai
além da fatura mensal da distribuidora. Reajustes de
energia elétrica afetam a estrutura de custos de
indústria, comércio e serviços e acabam sendo
repassados aos preços dos produtos. André Braz,
pesquisador do Ibre/FGV, afirma que um aumento
dessa proporção teria impacto direto de 0, 8 ponto
percentual no IPCA, o índice oficial de inflação.
- lsso corresponde a aproximadamente um quarto da
meta de inflação de 2022, de 3, 25%. Mas há também o
impacto indireto, que é o custo que a energia traz na
prestação de serviços e produção industrial - disse.
Já existem projeções de inflação que rondam os 5%
(teto da meta de 2022). Mesmo o Itaú, que prevê
inflação de 4, 3% ano que vem, pode rever suas,
projeção caso o reajuste da energia elétrica seja dessa
magnitude. Até agora, o banco trabalha com a
perspectiva de aumento da conta de 9, 5%.
DEFICIT DE R$13 BILHÕES.
O aumento da conta de luz é dado pelo reajuste anual
da distribuidora. Mas ao longo do ano há outras formas
de elevar a tarifa, como a adoção de bandeiras tarifárias
(que repassam ao consumidor o custo maior da energia