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(Antfer) #1

RECEITA DE MÉDICO.. Depressão com droga antiacne?


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Saúde
sábado, 13 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Adilson da Costa


A acne é umas das doenças de pele que lideram as
causas de procura pela ajuda dermatológica no dia-a-
dia da prática desses especialistas. Só nos EUA, são 40
a 50 milhões de pessoas com diagnóstico de acne todos
os anos. O impacto na qualidade de vida de quem a
possui é indiscutível.


Há inúmeras possibilidades de abordagem clínica dessa
doença: cosméticos de ação ceratolítica (aumento de
descamação da pele; logo, abertura dos cravos e
drenagem do sebum); agentes bactericidas (matam) e
bacteriostáticos (diminuem a proliferação) do
Cutibacterium acnes, bactéria presente na pele desses
pacientes; antibióticos; e tecnologias, como a luz azul.
Mas, na maioria das vezes, essas alternativas controlam
a acne, mas não a curam.


A isotretinoína, representante da classe dos retinoides,
derivada da vitamina A ácida, tem eficácia elevada na
abordagem da acne. Sua versão de uso sistêmico, a
isotretinoína oral, é considerada o único tratamento
definitivo antiacne. Primeiramente registrada nos EUA,


em 1982, a isotretinoína oral chegou ao Brasil ao redor
de 1993. Nessas décadas, essa 'quarentona' já curou
milhares de pacientes acneicos no mundo, revertendo
não só a atividade da doença per se, mas, também,
minimizando o risco de surgimento de cicatrizes pós-
acne e resgatando a qualidade de vida desses
pacientes. Há quem ouse arriscar que a isotretinoína
oral foi a maior descoberta da dermatologia moderna.

No entanto, de tempos em tempos, a isotretinoína está
envolta em polêmicas, que piorou com as mídias
sociais. Será que ela merece tanto? Vamos aos fatos: o
efeito colateral mais temido dessa nossa amiga é o risco
aumentado de teratogenicidade (máformação fetal) em
mulheres que engravidam durante seu uso. Por isso, o
uso de dois métodos contraceptivos, iniciados pelo
menos dois ciclos menstruais anteriores ao início do
tratamento, mantidos durante todo o tratamento e até 30
dias após o término, acompanhados de vários testes
negativos de gravidez, é mandatório. Mas, a devassa na
vida íntima da isotretinoína vai além disso: risco de
depressão, suicídio, doença intestinal inflamatória... A
cada momento, aparece uma!

Bom, então, vamos explorar a mais frequente de todas:
a controversa associação de suicídio com o uso da
isotretinoína oral. Vários estudos controlados não
conseguiram estabelecer relação entre eles; pelo
contrário, mostram que a acneemsi é um fator
deriscoindependente para o diagnóstico de distúrbios
psiquiátricos e suicídio, mais ainda em mulheres adultas
portadoras de acne.

Recém-publicado no prestigioso Journal of the American
Academy of Dermatology, um estudo retrospectivo
realizado com 72. 555 portadores de acne tratados com
antibiótico ou isotretinoína orais, entre 2011 e 2017,
mostrou que a população geral tem 1, 7 vez mais
ideação ou tentativa suicida que os tratados com a
isotretinoína oral, mesmo que essa população, assim
como a usuária de antibiótico oral, tivesse menor
diagnóstico de condições psiquiátricas em geral. Porém,
o risco de comportamento suicida em pacientes com
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