Amigo de Eduardo tentou retardar extradição de blogueiro
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O Globo/Nacional - Política
sábado, 13 de novembro de 2021
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Autor: MALU GASPAR, AGUIRRE TALENTO E
MARIANA MUNIZ
O secretário Nacional de Justiça, Vicente Santini, tentou
retardar o processo de extradição do blogueiro
bolsonarista Allan dos Santos antes de exonerar a chefe
do departamento responsável pelos trâmites entre o
Brasil e os Estados Unidos, a delegada da Polícia
Federal Silvia Amélia Fonseca de Oliveira.
Santini pediu os papéis à delegada para tentar produzir
um parecer contrário, mas foi informado de que a ordem
do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), para que Allan fosse extraditado para o
Brasil já havia sido enviada para os Estados Unidos.
Essa foi a razão da demissão de Silvia do cargo de
diretora do Departamento de Recuperação de Ativos e
Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério
da Justiça. A exoneração foi publicada na quarta-feira.
Como mostrou o site 'Brazilian Report', depois do
episódio, Santini expediu um ofício interno para
estabelecer que, a partir de então, os processos de
extradição teriam que ser submetidos a ele.
Não cabe ao Ministério da Justiça analisar o mérito de
pedidos de extradição, mas apenas verificar se
cumprem os requisitos formais para, então, dar
prosseguimento às solicitações. Apesar de ter um papel
apenas burocrático, a pasta pode atrasar o andamento
dos processos. Procurado pelo GLOBO, o Ministério da
Justiça não respondeu.
O DRCI, que era comandado pela delegada exonerada
na última quarta-feira, é um dos setores mais sensíveis
e estratégicos para investigações de crimes
transnacionais, como tráfico de drogas, lavagem de
dinheiro e corrupção. Foi o departamento que cuidou,
por exemplo, da repatriação dos recursos desviados da
Petrobras nos governos Lula e Dilma Rousseff para
outros países.
O blogueiro Allan dos Santos é aliado de primeira hora
do e Jair Bolsonaro e especialmente próximo do
deputado Eduardo Bolsonaro (PSLSP), filho do
presidente.
Ele é alvo de dois inquéritos no Supremo. O primeiro
apura a divulgação de fake news e ataques a
integrantes da Corte, e um segundo investiga a atuação
de uma milícia digital que trabalha contra a democracia
e as instituições.
Na decisão tomada a pedido da Polícia Federal,
Alexandre de Moraes afirmou que o blogueiro continua
a divulgar conteúdo criminoso por meio de redes sociais
para arrecadar recursos. A Procuradoria-Geral da
República (PGR) opinou no processo contra a prisão do
aliado de Bolsonaro, que está nos Estados Unidos
desde agosto de 2020.
A ordem de prisão preventiva e de extradição foi
expedida no início de outubro. O procedimento padrão
nesses casos é encaminhar automaticamente o pedido
ao país onde está a pessoa procurada. Foi isso o que
fez o DRCI, ao despachar a ordem para os EUA logo