Clipping Banco Central (2021-11-13)

(Antfer) #1
Banco Central do Brasil

Revista Carta Capital/Nacional - Plural
sexta-feira, 12 de novembro de 2021
Banco Central - Perfil 2 - Tribunal de Contas da União

O Grupo Corpo, na volta aos palcos após um ano e
nove meses sem se apresentar, tem aberto os
espetáculos com um vídeo institucional no qual Cláudia
Ribeiro, diretora de programação, agradece a cada um
dos que os ajudaram a se manter de pé. No fim do
vídeo, a plateia é convidada a destinar parte do IR ao
programa “Amigos do Corpo”, criado em 2015.


“Enxergamos o programa também como uma iniciativa
educativa, que estimula o exercício da cidadania e
permite ao consumidor de arte assumir algum
protagonismo”, diz Cláudia. A companhia espera fechar
o ano com 250 amigos. Data também de 2015 o
programa da Orquestra Sinfônica de Minas Gerais
(OSMG). No primeiro ano, foram três amigos. Em 2020,
464 pessoas doaram cerca de 750 mil reais para o
conjunto sinfônico.


O mais antigo programa dentre as instituições
mapeadas por CartaCapital é o da Orquestra Sinfônica
do Estado de São Paulo (Osesp). Em 2021, as doações
dos 643 associados ao Sou Osesp somadas às dos
patronos e dos assinantes que não quiseram de volta o
valor de ingressos não usados na pandemia, totalizaram
4,2 milhões de reais. A campanha deste ano tem o mote
“Sou música. Sou cultura. Sou futuro. Sou inclusão. Sou
Osesp”.


Nas duas orquestras, os aportes são direcionados para
as ações educativas – que, dado o viés social, tendem a
sensibilizar mais a população – e são feitos,
majoritariamente, por meio do incentivo fiscal. Mas,
apesar de todos os programas registrarem crescimento
contínuo, o trabalho ainda é aquele da formiguinha.


Nos levantamentos feitos pelo Instituto para o
Desenvolvimento do Investimento Social (Idis), a cultura
sequer aparece no radar da doação. Em 2021, 43% dos
entrevistados apontaram o combate à pobreza como a


causa na qual desejam se engajar. Em segundo e
terceiro lugares estão o universo da criança (19%) e da
saúde (10%). Também a causa animal apareceu.

“Sempre procuramos comunicar que a gente entende
que as pessoas têm fome, mas que a arte não pode
acabar”, diz, não por ter sido apresentada à pesquisa,
mas por morar no Brasil, Zilka Caribé, diretora de
marketing da OSMG. “A doação para a área cultural é
mais elitista. Os valores tendem até a ser altos, mas
eles estão concentrados em pouquíssimas pessoas”,
avalia Paula Fabiani, CEO do Idis.

O Idis faz parte do consórcio que, recentemente,
recebeu autorização do governo para dar início à fase
de captação do fundo patrimonial do Instituto Brasileiro
de Museus (Ibram). Os fundos patrimoniais,
estabelecidos por lei em 2019, mas ainda não
regulamentados, são a face financeiramente robusta do
movimento em curso. Nesse caso, os doadores não são
pessoas comuns, mas detentores de grandes
patrimônios que desejam deixar um legado.

Apesar de serem habitualmente atrelados aos Estados
Unidos, os endowments são hoje prática comum em
vários países. Mesmo a França, onde é forte a presença
do Estado na cultura, aderiu a eles. O Louvre, por
exemplo, tem um endowment.

Aqui, os fundos do Museu de Arte de São Paulo (Masp)
e da Osesp possuem, respectivamente, 17 milhões e 48
milhões de reais. O fundo do Masp está em fase de
acumulação primitiva e, até que alcance 50 milhões de
reais, não se pode mexer nem o valor principal nem nos
rendimentos. Na Osesp, as receitas financeiras podem
ser usadas em caso de déficit.

“Acho que o movimento de doação da parte das
pessoas físicas é uma tendência, mas acredito que
esteja nos fundos patrimoniais a mudança estruturante
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