Retorno do mal como banalidade
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O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
sábado, 13 de novembro de 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas
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Autor: Antonio Cláudio Mariz de Oliveira
A banalidade do mal é o subtítulo de uma obra de
Hannah Arendt que reúne várias reportagens a respeito
do julgamento do criminoso de guerra Adolf Eichmann,
um dos responsáveis pelo extermínio dos judeus
durante a Segunda Guerra Mundial.
Após ter sido capturado em Buenos Aires, no ano de
1960, pelo serviço secreto israelense, o carrasco foi
submetido a julgamento, condenado e executado em
1962.
Hannah Arendt, filósofa, escritora e jornalista, foi
destacada pela revista New Yorker para acompanhar e
fazer reportagens sobre o julgamento. As suas matérias
foram reunidas no livro Eichmann em Jerusalém - uma
reportagem sobre a banalidade do mal.
Os escritos de Hannah provocaram uma reação
incandescente de seus conterrâneos, que chegaram a
considerá-la persona non grata em Israel.
Hannah colocou em dúvida a legitimidade do
julgamento, do tribunal e do procedimento judicial
adotado. Ademais, ela chamou a atenção para os
Conselhos Judaicos da Europa em razão de sua inércia
diante da perseguição nazista.
No entanto, a causa principal da reação contra os seus
escritos foi a análise que fez do comportamento do
acusado, Eichmann, e do próprio fenômeno do mal.
O choque inicial parece ter sido provocado pela
observação de que, para o nazista, as suas bárbaras
ações eram o resultado apenas e tão somente do
cumprimento de ordens. As suas cogitações se
limitavam à obediência devida aos superiores. Os atos
de crueldade e as respectivas consequências não eram
por ele considerados. O mal produzido era
simplesmente posto de lado, esquecido, banalizado.
Algo simples, normal e corriqueiro. Era um disciplinado
cumpridor de ordens, para quem os efeitos da sua cega
obediência não eram de sua responsabilidade,
extrapolavam os limites de sua alçada.
Pois bem, a questão do mal e a sua'sem importância'
precisa voltar a ser objeto de reflexões e análises, pois
hoje, no Brasil, ele está sendo praticado em várias
esferas e se apresenta com formas e naturezas
diversas. Os seus responsáveis, por sua vez, não são
apenas homens tradicionalmente ligados ao crime, nem
ele se localiza apenas nas áreas da criminalidade
comum. Vale dizer, não é apenas o delinquente que
impõe, por meio do crime, o mal ao corpo social.
O mal do presente está nos fazendo muito mal. Qual a
sua origem, no que consiste este mal e quem o pratica?
Bem, em primeiro lugar, é preciso salientar que o mal e
as questões a ele ligadas devem ser abordados sob o
prisma de quem o pratica, pois a respeito dos seus
efeitos não há dúvidas, eles recaem sobre todos nós.
Assistimos atualmente a um mal que gera sensações de
desconforto e de intranquilidade no presente e de
incerteza e medo em relação ao futuro. Ele tem como