Clipping Banco Central (2021-11-13)

(Antfer) #1

BC perde a chance de colaborar com a proteção da Amazônia


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Ambiente
sábado, 13 de novembro de 2021
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Autor: Maria Rosa Darrigo, Merel van der Marke e
Tarcísio Feitosa


A destruição das florestas é atualmente um dos maiores
desafios ambientais do mundo, figurando como
destaque nas discussões na COP26. As principais
soluções propostas focam em suporte a atividades
agrícolas sustentáveis para lidar com o problema.


Ainda que essa alternativa seja extremamente
importante e parte fundamental da solução, pouco
adianta sem políticas que foquem no corte de
financiamento - público e privado - para atividades
vinculadas a desmatamento.


Desmatamento custa caro. O MPF (Ministério Público
Federal) aponta que, para destruir uma área equivalente
a um campo de futebol, é preciso entre R$ 800 e R$ 2.
000.


Como recente aumento do desmatamento na Amazônia,
mais de um milhão de hectare de floresta é perdido
anualmente. Assim, pelo menos R$1 bilhão é
necessário para manter o ritmo da destruição das


florestas todos os anos.

Não são raras as vezes em que financiamentos
concedidos por bancos, especialmente via crédito rural
(crédito subsidiado para agropecuária, financiação com
dinheiro dos brasileiros), beneficiam barrileiros e
desmatadores.

Com base em dados do próprio Banco Central, a
plataforma Floresta & Finanças mostra que, desde o
Acor do de Paris, de 2015, mais de US$ 25 bilhões de
crédito rural foram destinados a setores como gado e
soja na Amazônia. No Cerrado, foram mais de US$ 50
milhões.

Essas são commodities intimamente relacionadas a
desmatamento -até 90% das áreas desmatadas na
Amazônia são destinadas à pecuária, situação similar
do Cerrado.

A chance de que boa parte desse dinheiro financie a
consolidação de áreas recém-desmatadas, beneficiando
grileiros e desmatadores, é bastante alta, e torna-se
maior com a escalada do desmatamento.

Para se ter uma ideia do volume desse dinheiro, a
Declaração de Florestas, assinada nesta COP, pretende
disponibilizar US$12 bilhões em quatro anos para
diversas atividades para conter o desmatamento no
mundo inteiro.

O Bacen (Banco Central do Brasil) tem um papel
fundamental no financiamento agrícola, por
regulamentar as atividades de todos os bancos do país.
Recentemente, o Bacen iniciou uma discussão sobre a
restrição de acesso ao crédito rural em função dos
critérios de sustentabilidade.

Apesar de ter realizado uma tímida consulta pública
sobre as propostas em curso, quase nenhuma
contribuição da sociedade civil foi incorporada. O
resultado final, descrito na Resolução 140/2021, tem
poucos efeitos práticos e grandes lacunas. Em última
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