Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Caminho sem volta


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Cida Bento


Nos últimos anos, a dimensão social da atuação de
empresas, representada pela letra S na sigla ESG (meio
ambiente, social e governança, em inglês), ganhou
muita força e visibilidade. As mortes protagonizadas
pela polícia, de George Floyd, Breonna Taylor, Jacob
Blake e muitos outros, intensificaram as pressões do
Black Lives Matter e de outros movimentos para que
investimentos financeiros foquem empresas que tomem
medidas concretas para lidar com a injustiça racial e
que fortaleçam organizações que lutam pela equidade.


Cabe lembrar que, para que uma empresa atenda aos
critérios ESG, ela necessita ter práticas que preservem
os recursos naturais, reduzam a emissão de poluentes e
impactem o ambiente de forma positiva. Precisa
também ser proativa no combate às desigualdades
engajando-se na implementação de políticas de
equidade no ambiente de trabalho. E deve assegurar
correção e integridade nos seus processos corporativos,
impedindo a discriminação e o assédio.


Em 2018, a NAACP (National Association for the


Advancement of Colored People), tradicional
organização do movimento negro dos EUA, anunciou o
lançamento do NAACP Minority Empowerment
Exchange Traded Fund, que classifica as empresas
com base em seu compromisso com a diversidade e a
inclusão, exigindo investimento socialmente consciente
focado no antirracismo.

No Brasil, a pressão dos movimentos sociais pela
constituição de ambientes de trabalho digno é antiga e,
na atualidade, continua a crescer com pressões que
focalizam grandes corporações e investidores,
organizações públicas e da sociedade civil. Em
resposta, iniciativas vêm se constituindo nesse campo,
dentre elas o Pacto de Promoção da Equidade Racial e
o Mover Movimento pela Equidade Racial.

Em 2007, vivenciamos uma experiência que poderia ser
classificada atualmente como a primeira auditoria de
equidade racial no Brasil, em um setor emblemático e
complexo que é o bancário. O Ceert realizou esse
trabalho, após licitação, como consultoria técnica.

Esse processo teve início em 2003, quando, provocado
por organizações do movimento negro e sindical, o
Ministério Público do Trabalho ajuizou ações civis
públicas contra os cinco maiores bancos privados com
atuação nacional, por discriminação contra negros e
mulheres, pleiteando que adotassem políticas de
promoção da igualdade racial e de gênero. Já na
Convenção Coletiva de Trabalho 2000/2001, 0 tema

'Igualdade de Oportunidades' havia sido inserido nas
negociações coletivas.

Em decorrência dessas iniciativas, foi realizado,
em2008, o Censo de Diversidade e Equidade do Ceert,
envolvendo aproximadamente 400 mil funcionários no
território nacional; foram sistematizadas boas práticas
promovidas pelos bancos; além disso, foi realizada
pesquisa qualitativa com as áreas de recursos humanos
dos bancos e elaborado um plano de ação para
implementação do programa 'Valorização da
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