Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Procura por trufas brancas mistura turistas, cachorros e golpes na Itália


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Turismo
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Rafael Tonon


Desde o inído da pandemia, a rotina das cadelas
Macchia e Peiia não mudou em nada. No ano passado,
quando o outono chegou, tingindo de amarelo as folhas
das árvores da pequena aldeia rural de Catena Rossa,
no Pi-emonte, elas saíam todas as noites com o dono, o
tartu-faio Michele Bertolusso, enquanto a maioria da
população da Itália se mantinha confinada a partir das
22h.


Os bares e danceterias estavam fechados, mas os
bosques escuros da região de Alba, no noroeste
italiano, tinham uma curiosa e impressionante vida
noturna: homens com lanternas seguindo seus cães
pelo breu das árvores para tentar dar seguimento a
seus negócios secretos (e lucrativos).


As cadelas de Bertolusso, da raça Lagotto Romagnolo,
sabiam o que tinham que farejar: as cobiçadas e caras
trufas brancas, consideradas a maior e mais cara
iguaria da gastronomia mundial.


Estes raros tubérculos que crescem sob a terra em
simbiose com árvores como o carvalho e o choupo são
encontrados por cães habilmente treinados -como
Macchia e Perla-, que farejam o aroma pungente da
trufa (entre o terroso e algo de alho cru) em troca de
alguns biscoitos.

Com os restaurantes já em atividade por todo o país-e,
felizmente, pelo mundo, mantendo um comércio
internacional que gera cerca de 400 milhões de euros-
este ano elas têm tido bastante trabalho.

Em um final de manhã nublada em novembro passado,
Macchia escavava o solo enquanto abanava o rabo,
acompanhada por uma atenta platéia de 23 pessoas.

Mais uma trufa, desta vez uma negra, bem pequena,
para descontentamento da torcida. Sem pensar,
Bertolusso a coloca no bolso: mesmo as mais diminutas
têm seu (alto) valor.

Todos os anos, a partir do mês de outubro, quando do
início da temporada, compradores e (cada vez mais)
curiosos enchem a pequena cidade de Alba e suas
imediações para acompanhar a caça das trufas -e
depois comê-las nos restaurantes da região, onde são
servidas em lascas sobre tajarin com manteiga ou ovos
fritos.

A tal caça, porém, pode ser um pouco frustrante para os
mais românticos, que esperam alguma adrenalina na
busca das pepitas de fungo. Turistas evisitantes quase
só acompanham as "caças' em áreas restritas por
cercas em propriedades privadas, onde os cães não
têm grande dificuldade em encontrá-las.

'Pouca gente sabe, mas existem formas de dar um
empurrão zinho para o desenvolvimento das trufas',
afirma Paulo Montanaro, proprietário da Tartuflanghe,
empresa familiar que trabalha com mais de 300
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