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Folha de S. Paulo/Nacional - Turismo
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

caçadores de trufas em Langhe, no sul do Piemonte.


Da pulverização de esporos dos fungos nas raízes cias
árvores até o abaulamento dos terrenos mais baixos
para garantir maior concentração de umidade, muitas
técnicas têm sido empregadas para aumentar a
produção das trufas. Em uma delas, a simples poda das
árvores ajuda com que os nutrientes sejam direcionados
para as raízes onde o fungo vive em simbiose.


'O ser humano desenvolveu diversos procedimentos
para cultivar seus alimentos, que é o que fazemos com
as trufas. Utilizamos recursos naturais com alguma
tecnologia para acelerar um pouco as coisas que
levariam mais tempo na natureza', diz.


O conhecimento científico tem mudado muito a forma de
conseguir ospreciosos fungos. Nos 20 hectares de
bosques que a empresa mantém entre as regiões do
Langhe Roero e Monferrato, termômetros de alta
precisão também entraram em campo para medir a
atividade do mieélio (o conjunto de filamentos
desenvolvidos dos fungos) embaixo da terra -um
indicativo de trufas a serem exploradas.


Parecidos com os equipamentos que passaram a ser
comuns nas entradas de shop-pings e estabelecimentos
comerciais, em vez de só a temperatura, a pequena tela
mostra faixas de cor entre o verde e o vermelho para
identificar onde as cobiçadas iguarias podem estar
escondidas.


O engenheiro agrônomo Enrico Vidale, da Universidade
de Pádua, aponta para o solo onde corre a pequena
Perla, para mostrar que o olfato da cadela parece estar
bem afinado.


'Emum bosque normal, seria impossível medir toda essa
atividade. Aqui, por conta das técnicas empregadas,
podemos ver melhor o micé-lio em ação, o que indica
mais trufas e nos ajuda onde buscar', ele explica.


Isso significa que os tradicionais cães podem ser
substituídos no futuro, pelo menos em propriedades
particulares, onde a produção é cultivada. No caso das


trufas que nascem deforma espontânea (a maioria), os
animais fareja-dores ainda são a melhor garantia de
algum sucesso por parte dos caçadores de truias.

Saques e envenenamentos

Muitos deles, porém, estão cada vez mais decididos a
abandonar a profissão. O mercado lucrativo e
extremamente concorrido tem se tornado cada vez mais
difícil para as centenas de tartufai de Alba. Muitos
caçadores invadem a propriedade de outros e
"saqueiam' a terra em busca dos tubérculos valiosos.

Em uma das cenas do documentário 'The Truffle Hun-
ters', lançado no ano passado, que mostra em detalhes
o mundo fascinante e perigoso das trufas, um caçador
explica a um policial que seu cão de caça foi
envenenado -muito provavelmente por um concorrente.

'Sabe por que não saio mais? Porque são todos
gananciosos. Não entendem nada da floresta, querem
saqueá-la', diz outro ex-caça dor, convencido a não
voltar às caçadas. 'Não há mais respeito, não há mais
tradição, o mercado mudou muito', lamenta.

Na Feira Internacional da Trufa Branca de Alba,
realizada há 89 anos na cidade, o setor, entretanto,
segue prolífico. Uma trufa de 900 gramas foi vendida
por impressionantes 103 mil euros há duas semanas,
para o delírio dos turistas e produtores presentes.

O valor é um impulso para o evento realizado
anualmente entre outubro e dezembro, que não raro
tem colecionado alguns leilões excepcionais com seis
dígitos nos últimos anos. A 'peça' foi vendida a um
restaurante em Hong Kong. Ao que parece, no mundo
do 'ouro branco', nem tudo mudou tanto assim.

Uma trufa de 900 gramas foi vendida por 103 mil euros
durante a Feira Internacional da Trufa Branca de Alba
Fotos Divulgação

Turistas cercam as cadelas Macchia e Perla, da raça
Lagotto Romagnolo, com seu dono, o tartufaio Michele
Bertolusso
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