Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Zeca Camargo - Paris quae sera tamen


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Turismo
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Zeca Camargo


Tenho certeza de que o Neighbours, um café com o
melhor bolo de banana do mundo, situado bem embaixo
do lugar onde fico sempre, fechou. De que a Maison
Plisson agora tem um quiosque chamado Petit Plisson,
no jardim das Tulherias, pois viisso noseu site. De queo
Samaritaine reabriue é visita obrigatória mesmo para
quem não quiser comprar nada por causa desse câmbio
surreal.


Sei também que a mais incrível retrospectiva de Baselitz
estáem cartaz no Beaubourg.


Que Damien Hirst é inesperadamente a estrela da
temporada na Fundação Cartier. E que o Museu do
Quai Branly não está mostrando nada de extraordinário,
mas que, mesmo assim, eu vou querer reencontrar seu
acervo.


Sim, estou me preparando para ir para Paris, quase dois
anos depois de minha última visita por lá. Não estou
com muito tempo livre para planejar os dias na capital
francesa e estou achando isso até bom!


Claro que estou preocupado com duas coisas: a
possibilidade de o turismo se fechar novamente por
causa da quarta (quinta?) onda de Covid-19na Europa;
e, caso eu consiga viajar mesmo, qual liberdade terei
para circular e visitar os lugares que gosto de ir na
cidade. Mas, acima de tudo, estou excitado com a
possibilidade de voltar ao destino ao qual eu já viajei
mais vezes fora do Brasil. Depois de tanto tempo...
Estou preparado para encontrar um cidade diferente.
Por relatos de amigos, brasileiros e franceses, que
passaram o período brabo da pandemia por lá, Paris
está ligeiramente mais dura. Ou, ainda, os parisienses
estão ligeiramente mais desconfiados.

Não, eu não sou daqueles que acham que os franceses
não gostam de estrangeiros. É das grandes capitais
arrastar pelas ruas uma certa empáfia. Pense em Nova
York, Londres, Roma, ou até mesmo São Paulo. Mas
não há barreiras quando você aborda o parisiense de
uma forma simpática.

Talvez um dia eu ainda pague a língua por essa
benevolência toda com Paris. Mas esse contato é o que
menos me preocupa nesse retorno tardio.

Há meses sonho com essa visita e, ao mesmo tempo,
tento administrar a ansiedade. Quando alguém me
perguntava qual era o primeiro lugar internacional que
eu queria visitar depois que o pior tivesse passado, eu
dizia Bangcoc. Mas era mais por reflexo.

A capital da Tailândia sempre é o lugar que eu mais
queroir, por razões que, se um dia eu compreendê-las,
prometo escrever uma coluna sobre isso. Mas Paris é a
paixão, são as memórias, os amores, coisa simples
assim.

Que fique claro, esta é uma das cidades mais
sofisticadas do mundo. Mas talvez justamente por isso a
ideia de que ela é capaz de oferecer prazeres
descomplicados escapa a muitos turistas que nela
transitam.
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