Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Em busca de cor local


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Ilustrada
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Mauricio Stycer


Quando a Netflix anuncia algo, é sempre difícil distinguir
se o alvo é o assinante ou o acionista. Culpa da pressão
da concorrência, cada vez maior. O maior serviço de
streaming do mundo luta para continuar na liderança do
mercado e se esforça para atenuar as dúvidas sobre até
onde é capaz de ir com o seu negócio arrojado.


Nesta semana, a empresa lançou a iniciativa Mais Brasil
na Tela, informando que "investirá no desenvolvimento
de 40 novas ideias para 2022" no país. O dado, a
princípio, impressiona. Porém, como quase toda ação
de relações públicas, é preciso olhar com atenção. Não
dá para saber quantas dessas ideias vão, de fato,
redundar em produções audiovisuais, nem quando
serão produzidas.


Em todo caso, este novo projeto sinaliza uma mudança
importante na estratégia de produção da empresa no
Brasil, iniciada há cinco anos com o lançamento da
série de ficção científica "3%". Nesse período, a Netflix
apostou em duas dezenas de séries, alguns filmes e
reality shows. Diferentemente do que ambicionava,


poucos desses programas produziram impacto no Brasil
ou em outros países.

A produção fora da matriz obedece a, pelo menos,
quatro motivos. É uma sinalização de simpatia e
respeito ao público dos mercados onde esses
investimentos têm sido feitos. É também uma forma de
a empresa se antecipar às discussões sobre
regulamentação do streaming e cotas de produção
nacional em vários centros.

De um modo geral, é mais barato produzir fora dos
Estados Unidos, sobretudo em mercados emergentes.
Ampliando os centros de produção, a Netflix, presente
em 190 países, eleva numericamente as ofertas do seu
catálogo também.

A questão essencial nesse processo é conseguir que
uma série ou filme produzido num mercado consiga
gerar interesse em outros países. Foi o caso,
recentemente, de "Round 6", uma série sul-coreana que
se tornou fenômeno de audiência em diferentes
mercados onde a Netflix atua. "La Casa de Papel"
(Espanha) e "The Crown" (Reino Unido) são outros dois
exemplos de sucesso dessa estratégia.

Ao comunicar o que está por trás do projeto de Mais
Brasil na Tela, a Netflix sugeriu um novo olhar sobre o
mercado nacional. Não falou mais, como vinha fazendo,
em levar uma visão do Brasil para o mundo, mas em
"encontrar personagens e tramas com as quais (os
brasileiros) consigam se identificar e ver a pluralidade
do Brasil na tela".

Como afirmou Elisabetta Zenatti, vice-presidente de
conteúdo da empresa para o Brasil, "os brasileiros
querem mais histórias contadas por diferentes vozes,
que reflitam suas vidas, suas raízes e sua
ancestralidade". Ela disse ainda: "Por isso, nossa
ambição será fazer cada vez mais histórias da gente
para a gente, cujo sucesso estará em produzir a melhor
versão, de forma que se conectem com mais audiências
ao redor do Brasil".
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