Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Marcílio, 90 anos


Banco Central do Brasil

O Globo/Nacional - Opinião
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: PEDRO LUIZ RODRIGUES


Revendo jornais antigos, constato quanto O GLOBO
abriu espaço a Marcílio Marques Moreira - que faz hoje
90 anos -, ajudando-o a construir sua vocação de
empregar a palavra como instrumento de ação política.


Horroriza-o a insensatez, mostrando-se preocupado
'pelo quanto líderes e povos podem desviar-se para
caminhos que os arrastarão à própria ruína, embora
existam alternativas viáveis a tomar e vozes
suficientemente lúcidas para avisá-los dos perigos
iminentes'.


Tornar-se-á mais visível após as ricas experiências
profissionais na embaixada em Washington, com San
Tiago Dantas, e no BNDE, quando veio trabalhar na
Guanabara, primeiro na Companhia Progresso (Copeg),
do Rio, logo na Companhia de Desenvolvimento de
Comunidades (Codesco).


Sua primeira ampla entrevista foi dada ao GLOBO, em
março de 1967, sobre o esvaziamento econômico da
Guanabara, quando lamentou o descumprimento da Lei


San Tiago Dantas, que dispunha sobre a ajuda da
União ao novo estado.

No final do mesmo ano, noticiou O GLOBO, Marcílio fez
discurso emocionado, ao anunciar a criação da
Codesco, que presidiu e que inovaria no tratamento das
comunidades faveladas, evitando remoções e
promovendo a reurbanização, de que Brás de Pina foi
modelo. Os planos de Marcílio não prosperaram. O
governo federal criou a Coordenação de Habitação de
Interesse Social da Área Metropolitana do Grande Rio
(Chisam), com postura 'remocionista', que retirou
autonomia e recursos da Codesco.

Marcílio mudou radicalmente sua vida e assumiu uma
vice-presidência do Unibanco, cujo presidente, Walther
Moreira Salles, o chefiara em Washington. Mas a nova
função não lhe embargaria o cérebro ou a voz.

Em março de 1970, etapa dura do regime militar,
escreveria: 'Nenhum Governo resistiu na história (... ) a
uma retirada súbita do apoio de todos os seus
governados'.

Marcílio contribuiu regularmente com caderno anual
especial de Economia do GLOBO (o Panorama
Econômico, o 'Paneco') nos anos 1970.

Em maio de 1975, em artigo no GLOBO (da série 'Brasil
numa hora de mudança'), escreveu: 'O regime, embora
bem-sucedido numa fase, acabou se transformando
num passivo oneroso para a sociedade'.

Noutras entrevistas, defendeu a liberdade sindical e a
abertura política, isso em reunião com políticos da
Arena, o partido governista. Em maio de 1978, O
GLOBO noticiou a defesa de Marcílio em prol do
aumento salarial, por beneficiar a produtividade.

Marcílio insistiu sempre 'na exigência de repensar, de
reformular e reorientar o arcabouço institucional e
político nacional' e em superar o que San Tiago Dantas
chamava de'inatualidade nacional': 'Parece que
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