Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Inflação ameaça o fim de ano feliz


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Notas e Informações
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Bilhões de reais em vendas estão sendo perdidos pelo
comércio neste último trimestre, normalmente o melhor
do ano. A mistura de inflação elevada, juros altos e
péssimas condições do mercado de trabalho afeta as
condições do consumo. Já empobrecidas e com a renda
erodida, mês a mês, pelo acelerado aumento de preços,
as famílias se retraem, reconsideram os gastos e adiam
os planos de compras. Duas das mais importantes
datas para os lojistas, a Black Friday e o Natal, devem
proporcionar ganhos muito menores que aqueles
previstos no começo do ano, quando o País superava
os primeiros efeitos da covid-19. Mas a receita do
varejo, nestes meses finais, deve ficar R$ 44, 7 bilhões
abaixo dos R$ 792 bilhões estimados no início de 2021,
segundo estudo realizado pela Confederação Nacional
do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) a
pedido do Estado.


Mesmo causando enormes prejuízos, preços mais altos
geram maior arrecadação. Graças a isso o Ministério
da Economia exibe contas em melhor estado, pelo
menos neste momento. Mas o ganho seria maior e
muito mais seguro se fosse baseado em mais produção,
mais emprego e mais consumo. No entanto, a realidade,


fora dos gabinetes ministeriais e presidenciais, continua
sem sinais de prosperidade e sem perspectivas de
melhora nos próximos meses.

O desempenho insatisfatório das vendas neste último
trimestre deve contaminar a economia no começo de


  1. Quando os meses finais são bons para o varejo, a
    recomposição de estoques no início do ano seguinte
    movimenta a indústria. Isso ajuda a sustentar algum
    dinamismo num período de menor movimento. Esse
    efeito benéfico pode refletir-se no emprego, com
    renovação de contratos temporários típicos de fim de
    ano.


Além de afetar o varejo no trimestre final, as condições
da economia poderão impedir ou reduzir
desdobramentos positivos no começo de 2022. Todos
os principais indicadores são ruins. A inflação em 12
meses passou de 10% e deve continuar nesse nível até
o fim do ano. Os mais prejudicados, como sempre, são
os consumidores de menor renda, com orçamento
apertado e sem espaço para remanejamento de gastos.
Sem surpresa, o indicador de confiança medido
mensalmente pela Fundação Getulio Vargas (FGV) é
tanto mais alto quanto maior a faixa de renda, mesmo
quando a evolução geral é negativa.

Em novembro, o Índice de Confiança do Consumidor
voltou a cair, recuando 1, 4 ponto, depois de ter subido
1 ponto em outubro. Com 74, 9 pontos, o menor valor
desde abril (72, 5), esse indicador ficou 7, 1 pontos
abaixo do nível de um ano antes, quando o Brasil se
recuperava da grande crise de 2020. Em todas as faixas
de renda o índice é inferior a 100%, fronteira entre
otimismo e pessimismo. De novo, a diferença entre os
níveis de confiança refletiu a distância entre as faixas de
renda (85, 3 pontos na mais alta e 63, 1 na mais baixa).

'Apesar do avanço da vacinação, de suas
consequências favoráveis na redução de casos e
mortes e da flexibilização de medidas restritivas, o
aumento da incerteza econômica diante da inflação
elevada, da política monetária restritiva e do maior
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