Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Roberto Teixeira da Costa - Saindo da sofrência em busca da crescência


Banco Central do Brasil

O Estado de S. Paulo/Nacional - Espaço Aberto
Thursday, November 25, 2021
Banco Central - Perfil 1 - Mario Draghi

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Autor: Roberto Teixeira da Costa


A cantora sertaneja Marília Mendonça, que nos deixou
recentemente, popularizou a palavra sofrência,
desconhecida de muitos brasileiros e, inclusive, deste
escriba. No dicionário, a palavra é definida como um
substantivo feminino; condição de pessoa que sofre,
que não consegue se livrar de uma situação de tristeza
e de sofrimento.


Em mais de 60 anos de vida profissional, divididos
basicamente entre o mercado de capitais e relações
internacionais, não me recordo de ter vivido um período
de tamanha descrença no País e no seu futuro.
Vivemos uma crise de confiança e creio que a palavra
sofrência traduz esse sentimento nacional, quase
generalizado. Desemprego, crescimento insatisfatório,
desnível acentuado de renda, retorno da inflação e um
governo inepto criaram um ambiente de desconforto, o
que tem, obviamente, repercussões externas.


Nas relações internacionais, com mais de quatro
décadas de ativa participação pessoal em diferentes
instituições ligadas ao tema, nunca registrei um


desgaste compatível com o que agora é constatado.
Estamos entre as maiores economias do planeta Terra,
com uma reconhecida riqueza agrícola e mundial, mas

não nos colocamos externamente em posição
compatível com nosso porte e potencial. Mister
reconhecer nossa extensão territorial, unidade física e
linguística e a sexta maior população mundial. No
campo empresarial temos lideranças de ponta, com
nossos executivos obtendo respeito que transcende
nossas fronteiras.

Obviamente, o quadro atual foi influenciado pela covid-
19, agravada a partir da ascensão de Jair Bolsonaro a
presidente da República. Ele ampliou nosso
distanciamento das grandes lideranças mundiais,
principalmente no que se refere às políticas
institucionais, arriscando em apostas ideológicas o
nome e a reputação de nosso país no exterior. Éramos
motivo de orgulho e a percepção construída no exterior
era de um país amável, acolhedor, onde os estrangeiros
eram bem acolhidos e aceitos pela nossa sociedade e
nossa diplomacia era mundialmente reconhecida por
sua competência.

O futebol nos abriu muitas portas e éramos vistos como
um país promissor, para continuar marcando uma
posição destacada no mundo e, particularmente, na
América Latina.

Pois bem, essa imagem vem aos poucos sendo
destruída por um presidente despreparado para liderar o
País, fazendo apostas erradas na escolha de líderes em
que busca sintonia, colocando aspectos ideológicos
acima de interesses nacionais, e fazendo opções que
puseram em risco o respeito ao nosso país por muitos
líderes mundiais que admiravam o Brasil por tudo o que
representa.

Os reflexos de sua política negativista retardaram a
vacinação contra a covid-19. Esse atraso foi resultado
de sua desconfiança na vacinação (ele mesmo não foi
vacinado), questionando recomendações científicas
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