Banco Central do Brasil
Folha de S. Paulo/Nacional - Mercado
Thursday, November 25, 2021
Banco Central - Perfil 1 - Banco Central
tensões políticas, o que elevou os custos de produtos
como os combustíveis, e a crise hídrica, responsável
por encarecer as contas de luz.
O cenário de dificuldades para 2022 ganhou novos
capítulos nas últimas semanas com as incertezas
fiscais.
As dúvidas com o rumo das contas públicas cresceram
após o governo federal colocar em xeque o teto de
gastos para pagar o Auxílio Brasil, o substituto do Bolsa
Família.
Diante desse cenário, projeções de analistas para o PIB
(Produto Interno Bruto) passaram a encolher, e a
hipótese de recessão no próximo ano ou seja, queda da
atividade econômica ficou mais forte.
'O cenário é muito ruim para a economia em 2022',
define o diretor da Asa Investments, Carlos Kawall, ex-
secretário do Tesouro Nacional.
'Esse quadro econômico seria desfavorável à reeleição
de qualquer um', completa.
A Asa projeta PIB estagnado (0%) em 2022, mas não
descarta eventuais mudanças para baixo ou para cima,
segundo Kawall.
De acordo coma instituição financeira, a economia
brasileira deve amargar uma recessão técnica no
primeiro semestre de 2022. Juros mais altos, inflação
ainda pressionada e incertezas da corrida eleitoral
sustentam a projeção.
Recessão técnica é o termo usado por economistas
para descrever dois trimestres consecutivos de queda
do PIB. Segundo Kawâl, a piora das condições
macroeconômicas e os riscos fiscais também colocam
em xeque, no próximo ano, aincipiente melhora do
mercado de trabalho. 'Acrise afetou muito o emprego
menos qualificado, de baixa renda. Vamos ter um ano
bastante difícil para o mercado de trabalho, do ponto de
vista econômico e social'
O Itaú Unibanco e o Credit Suisse estão na lista de
instituições financeiras que projetam recessão para o
ano de 2022. Os dois bancos passaram a prever
contração de 0, 5% no período.
A mediana do boletim Focus, do BC (Banco Central),
que traz as projeções de analistas do mercado
financeiro, ainda indica avanço de 0, 7%, mas vem
recuando nas últimas semanas. Ao final de janeiro de
2021, por exemplo, a alta prevista para 2022 era de 2,
5%.
Para complicar, o mercado vê uma inflação mais for te
do que a esperada inicialmente para o ano eleitoral.
Pelo boletim Focus, a mediana para o IPCA (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) subiu para
4, 96%. À marca está bem próxima do teto da meta de
inflação em 2022, de 5%.
'O cenário para o ano que vem está bastante
complicado. Tem vários níveis de incertezas. Agente
não está conseguindo aproveitar a oportunidade de
crescimento na saída da pandemia', analisa o
economista-chefe da consultoria MB Associados, Sérgio
Vale.
A MB projeta estagnação do PIB (zero) em 2022no
cenário base. Mas, diante das dificuldades, não
descarta um resultado ainda pior, aponta Vale.
Segundo Vale, a economia fragilizada em ano eleitoral
joga contra Bolsonaro na disputa pela Presidência.
'Em 2022, ainda estaremos vendoresquícios da
pandemia sobre a atividade econômica. O governo
federal até conseguiu fazer a reforma da Previdência no
primeiro ano de mandato [2019], mas a pandemia
trouxe dificuldades a partir de 2020. O governonão
soube responder', diz o economista-chefe da consultoria
MB Associados.
Por causa dosriscos que assombram o país, a gestora
de investimentos Rio Bravo pasSou a prever recessão
para o PIB brasileiro de 2022.