Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Novo inverno de pandemia se anuncia


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Mundo
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Lúcia Guimarães


Principal feriado nos Estados Unidos, o Dia de Ação de
Graças, nesta quinta-feira (25) vai concentrar o maior
número de americanos em trânsito desde o começo da
quarentena de março de 2020. Só as companhias
aéreas esperam um movimento de 20 milhões de
passageiros. Famílias de vacinados e não vacinados
vão se aglomerar para comer peru e celebrar a suposta
refeição dos peregrinos que colonizaram o país no
século 17.


Sinal de confiança de que a pandemia foi derrotada?
Não. Os índices de infecção voltaram a subir no país -
30% em duas semanas. Embora a demografia da Covid
seja desigual, determinada pelas regiões em que
prevalecem negacionistas da vacina, a curva é
ascendente.


A explosão de casos na Europa, intensificada pela
variante delta, e a recusa de americanos, nadando nas
doses de vacina, em se imunizar sinalizam mais um
inverno de pandemia. É impossível dissociar o contexto
político, as guerras culturais sobre máscaras e


distanciamento social da sabotagem do combate à
Covid-19.

Nova York deveria ser a cidade-pôster no outono (do
hemisfério Norte) da volta ao normal. Mas só 68% da
população elegível foi vacinada com duas doses. No
momento, a Covid, como a influenza, parece teimar em
se impor como sazonal, a exemplo da gripe. O número
de infecções na cidade, onde o reforço vacinal é
recomendado para toda a população adulta, está
subindo.

Críticos das autoridades sanitárias federais começam a
dizer que a "terceira dose de reforço" devia ter sido
obrigatória há meses. A reabertura de eventos, os
espetáculos ao vivo e a permissão de entrada de
viajantes de países como o Brasil, que faziam parte da
lista de restrições, vão alimentar uma onda de infecções
em NY? A resposta deve ser sim; o índice local de
infecções aqui é agora o mais alto desde abril, quando a
população vacinada era muito menor.

A resistência à vacina e a medidas de distanciamento
social, como o uso de máscaras, se espalhou e se
tornou bandeira de sindicatos de empregados de
atividades como saúde e educação em Nova York.

É difícil imaginar o combate a epidemias do século 20,
como varíola e poliomielite, sob o clima atual de
militância que confunde liberdade individual com direito
de contaminar pessoas vulneráveis.

A nova onda da pandemia no hemisfério Norte coincide
com a constatação de que a democracia, nos EUA e em
dezenas de países, está em retrocesso. Obscurantismo
e desconfiança em relação à ciência não são produtos
do século 21. A Revolta da Vacina no Rio de Janeiro,
em 1904, não foi motivada apenas pela imunização
contra a varíola, mas contra reformas urbanas.

A diferença, em 2021, no ativismo antivacina que
testemunhamos na Europa e nos EUA é que a
resistência a medidas que salvam vidas e podem
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