Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1

Faço uma aposta com Aras


Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Poder
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Conrado Hibner Mendes


Augusto Aras trabalha. Esbanja licenciosidade jurídica e
parvoíce verbal para não fazer o que não faz e nem
deixar que alguém o faça. Como o dever de investigar
autoridades de alto calibre.


Não falta engenho e suor para neutralizar a cúpula e
intimidar a base do Ministério Público e assim fabricar
impunidade em escala. De indolência e fraqueza da
vontade o PGR não padece.


Jair Bolsonaro explorou cratera mal percebida da
Constituição brasileira: nomeou procurador-geral fora da
lista tríplice da carreira; disse, no dia um, que o PGR
estava na corrida pelo STF se fosse bem comportado,
pois não precisa cumprir quarentena.


Coube a Aras aderir ao contrato e assegurar omissão,
sem perder o verniz de legalidade. Virou síndico dessa
arquitetura da omissão.


Aras se fez a única autoridade individual irrecorrível do
país. STF acomodou-se nessa interpretação e não


restou saída. Aras pode arquivar qualquer pedido de
investigação.

Construiu caminho ainda mais elaborado: anuncia abrir
"averiguações preliminares" que, ao contrário de um
inquérito, dispensam supervisão do STF. E, quando
conveniente, sem alarde, manda arquivar.

Assim julga cumprir sua meta oficial de "despolitizar o
MP", supostamente invadido por "facções políticas e
ideológicas", e "descriminalizar a política". Na prática,
deixou a instituição a soldo da ideologia mais letal da
história brasileira.

Na caneta e no discurso, não se conhece ato de Aras
que tenha contrariado Bolsonaro, o presidente de 140
pedidos de impeachment e cinco reclamações ao
Tribunal Penal Internacional, que não enfrenta a Covid
como "maricas", mas de "peito aberto", sem máscara e
sem vacina.

Essa recapitulação já foi bem contada e documentada.

Em 27 de outubro, recebeu o relatório final da CPI do
Senado sobre a pandemia, documento que aponta
responsabilidades na maior tragédia humanitária da
história brasileira. Aras pediu um mês para analisar.

No meio tempo, foi convidado pelo Senado a prestar
contas pelo silêncio. Avisou que neste sábado, 27 de
novembro, anunciará as providências.

Gostaria de fazer uma aposta com Aras. Enumero cinco
expectativas que deve cumprir neste sábado. Primeiro,
aposto no verbo floreado e no cenho franzido, uma
barbada.

Segundo, aposto que reduzirá o valor do trabalho da
CPI. Deve concentrar suas forças em questionar a
legalidade das provas ali produzidas. Em vez de dar
encaminhamento criminal, deve gastar todo o tempo
possível na tentativa de refazer o que a CPI já fez.
Técnica protelatória.
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