Clipping Banco Central (2021-11-25)

(Antfer) #1
Flavio Conrado - Por que precisamos banir as 'terapias de reversão
sexual'

Banco Central do Brasil

Folha de S. Paulo/Nacional - Opinião
Thursday, November 25, 2021
Cenário Político-Econômico - Colunistas

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Autor: Flavio Conrado, Gabriella Morena e Bob Luiz
Botelho


O documentário 'Pray Away' (Net-flix), abordado em
reportagem nesta Folha ('Ex-ex-gays abalam movimento
pró-cura gay' nos EUA, mas braço brasileiro segue
forte', 4/9), revela uma realidade que gostaríamos que já
estivesse superada no Brasil.


Através de depoimentos de ex-líderes do movimento
Exodus International, principal ministério de promoção
de 'cura gay' dos EUA por quase 40 anos e com
presença em 17 países, a produção relata um dos
episódios mais nefastos para pessoas LGBTQIA+
naquele país: cerca de 700 mil pessoas experimentaram
alguma forma de 'terapia de reversão sexual' através de
iniciativas religiosas. No documentário tomamos
conhecimento de uma organização que transmitiu
formas de perceber e lidar com a sexualidade que ainda
são vigentes e replicadas em diversas partes do mundo.


Aqui, na atuação de ministérios como Exodus Brasil,


entre outros, pode-se ver como o tema das 'terapias de
reversão' está longe de ter sido equacionado pela
resolução 01/99, do Conselho Federal de Psicologia
(CFP), que já completou 20 anos de vigência. Esta
determina que não cabe a profissionais da psicologia o
oferecimento de qualquer tipo de prática de reversão
sexual, uma vez que a homossexualidade não é
considerada patologia, doença ou desvio. No entanto,
psicólogos defensores de tais 'terapias', especialmente
do meio evangélico, contestaram a resolução na
Justiça. Em abril de 2020, o Supremo Tribunal Federal
decidiu manter a normativa e a competência do CFP
para orientar seus profissionais.

Esses psicólogos 'reversionistas' representam bem o
modo como grupos evangélicos têm lidado com o tema
da diversidade sexual e de gênero em suas
comunidades. Indicam apenas a ponta do iceberg de
uma realidade que permanece submersa na experiência
da maioria das pessoas LGBTQIA+ evangélicas e de
suas famílias.

Se é verdade que a psicologia no Brasil tem feito
esforços para se alinhar a investigações científicas
sobre sexualidade e orientação sexual e orientar seus
profissionais a respeito, também chegam a nós pessoas
LGBTQIA+ que narram experiências de tentativas de
'reversão sexual' vividas em suas igrejas, com
psicólogos envolvidos nesse processo.

Centenas deigrejas, ministérios e comunidades
'terapêuticas' em todo o país continuam usando a
prerrogativa de sua liberdade religiosa para ofertar a
possibilidade de mudança da sexualidade. Sem base
científica e comprovadamente ineficaz, ela causa danos
muitas vezes irreparáveis à saúde mental de pessoas
LGBTQIA+ ao recorrerem ao apoio de suas lideranças
religiosas por imaginarem sua sexualidade ou gênero
errado ou desordenado.

Profissionais 'reversionistas' defendem que 'uma pessoa
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