A cada quilômetro rodado ao volante
de um carro eletrificado, doses genero-
sas de algum hormônio eliminam o sen-
timento de culpa. De casa para a aca-
demia, dela para o trabalho e por fim
a volta para casa. Durante a jornada,
nenhum grama de CO2 foi cuspido na
atmosfera. Missão cumprida. Só falta a
carteirinha do Greenpeace.
Claro que ser um protetor do meio
ambiente tem seus preços e sacrifícios.
Qualquer avenida de São Paulo ofere-
ce cinco, dez, 15 postos de combustí-
veis. Já encontrar um recarregador é
Nós, os Jetsons
Carro elétrico não é mais coisa do futuro. Ainda é caro ter
um e seu uso exige planejamento, mas ele está aí. Testamos
alguns, mapeamos as ofertas e contamos o que vem pela frente
Por Rodrigo Mora Ilustrações Mona Sung
como uma busca ao tesouro. Aí você
depende de um replanejamento da ro-
tina, que passa a orbitar em volta dos
lugares onde há pontos de recarga, hoje
predominantemente em shoppings da
grande São Paulo.
Durante nossa jornada com mode-
los híbridos e elétricos, nenhuma vaga
destinada a veículos eletrificados foi
encontrada em uso por eles, corrobo-
rando o que todo mundo já sabe: essa
frota ainda é minúscula no Brasil.
A anos-luz (tentei evitar o clichê
até aqui, mas não resisti) da realida-
de europeia ou americana, o merca-
do brasileiro dá passos tímidos rumo
à abrangência da eletrificação, mas
dá. No último Salão do Automóvel,
em novembro, Nissan, Chevrolet
e Renault confirmaram a venda de
seus elétricos por aqui. No último
semestre, a Audi iniciou os testes do
e-tron no Brasil e a Volvo, além de
ampliar a oferta de híbridos, acaba
de concluir a instalação de uma rede
de 250 pontos de recarga em São
Paulo. E a oferta de modelos eletrifi-
cados não para de crescer.
Golf GTE, da Volkswagen
Fotos divulgação; Daniel Wollstein; Fernanda Freixosa; Nick Dimbleby
Carros | ELÉTRICOS E HÍBRIDOS