Carbono Uomo - Edição 13 (2019)

(Antfer) #1
Colecionador | SNEAKERS

Caio Castro era apenas um adolescente skatista quan-
do viu uma van da Qix passar na frente da casa da
avó pela primeira vez. Pioneira nos tênis para o es-
porte no Brasil, a marca tinha distribuidora na mesma
rua, fazendo os olhos do garoto brilhar: “Naquela
época eu não tinha dinheiro. Lembro de pedir que os
distribuidores me dessem um par de tênis sempre que
estacionavam, mas só ganhava adesivos”, ele conta.
Vinte anos depois, o ator tem em seu invejável guar-
da-roupa exemplares assinados por lendas do skate
como Rodney Mullen, Stefan Janoski, Omar Salazar e
Eric Koston, até hoje seus preferidos. “Depois da onda
dos Nike Shox, nunca mais comprei tênis de basquete
ou corrida. Não é minha praia.”
Fã do universo da moda – ele tem também uma
coleção de relógios e usa roupas de cama Gucci –,
Caio realizou o sonho de ter um Air Yeezy, desenha-
do por Kanye West, e o destruiu! Como Orfeu que vai
até o inferno buscar Eurídice e a deixa escapar pelos
braços, ele comprou a raridade em Miami, para usar
pouco e vê-la secar ao sol: “Descobri o tênis nos pés
do fotógrafo André Schiliró em 2009. Pouco depois, fui
fazer uma viagem para os Estados Unidos, rodei Miami
inteira, gastei todo o meu dinheiro e não encontrei”, ele
lembra. “Parei para comer uma pizza, decepcionado,
do lado do estúdio de tatuagem Miami Ink, e vi uma
loja com uns Air Jordan na vitrine. Decidi entrar. Encon-
trei o Yeezy, era o último! Estava quase mil dólares.”
Desesperado, ligou para um amigo que lhe emprestou
o dinheiro. “Usei o tênis cinco vezes na minha vida e
parti para uma expedição mundial que durou um ano.
O tênis ficou no meu escritório sem cortinas, pegou sol
o tempo todo, e a borracha ressecou”, lamenta.
Neste ano, realizou outro sonho, ter o LV Trainer,
primeiro tênis desenhado por Virgil Abloh para a
Louis Vuitton: “É a sensação deste ano, com certe-
za. A marca é demais, mas é cara. Ainda é distan-
te para mim comprar um tênis deles por mês. Ter o
Trainer foi uma conquista, porque antes eu só passava
na frente da loja e ficava de olho. Meu trabalho reali-
za a chance de vestir uma raridade nos pés”.


VESTIR UMA


RARIDADE NOS PÉS

Free download pdf