Carbono Uomo - Edição 13 (2019)

(Antfer) #1
CLAUDIO GALEAZZI

Carbono Uomo


Por que o senhor decidiu escrever sobre negócios?


Claudio Galeazzi


Na verdade, recebi o convite da Cia. das Letras,
que acreditou que eu teria uma boa história para
contar a partir de todas as experiências que viven-
ciei. Eles precisaram insistir um pouco para que eu
aceitasse e me indicaram o Joaquim Castanheira,
que assina o livro comigo. Trabalhamos juntos por
três anos até chegar à versão final – foi bastante
intenso. É óbvio que muitas das coisas pelas quais
passei já não me lembrava mais... Mas é uma ex-
periência muito interessante: à medida que você vai
falando, você vai se recordando.

Carbono Uomo


E como foi esse processo? Já tinha enfrentado algo parecido


em tantos anos de mercado?


Claudio Galeazzi


Foi totalmente novo. E preciso ser sincero: no início,
estava bastante relutante e pensei em não seguir com
o projeto. Que tipo de mensagem eu queria transmi-
tir? Por isso decidi não escrever mais um daqueles
livros de negócios, cheios de números e dados, mas
as minhas vivências. Eu queria passar as experiên-
cias e escolhas que fiz profissionalmente e esse foi o

Conhecido pelas reestruturações que comandou em grandes empresas do


país, Claudio Galeazzi mistura negócios e história em seu primeiro livro


Conversar com Claudio Galeazzi é como participar de um
MBA relâmpago. No dia desta entrevista, que tinha dura-
ção prevista de meia hora — a agenda de um dos maio-
res executivos e consultores do país é, de fato, um quebra-
cabeças difícil de montar — a proposta era falar sobre
o livro Sem Cortes, que ele assina ao lado do jornalista
Joaquim Castanheira.
A voz calma, mas firme, que fala já entrega duas ca-
racterísticas de Cláudio, conhecido no mundo corporativo
por chegar às empresas em momentos de crise para promo-
ver as mudanças necessárias. O que, claro, não é fácil e
mexe muito com todos os profissionais envolvidos. “Cortar

pessoas e gastos não é o objetivo em si. Nada mais é do
que um meio para conseguir colocar a empresa no eixo”,
afirma. Grupo Pão de Açúcar, Lojas Americanas e BRF (nes-
ta última, ele também acumulou a presidência global por
um tempo) foram alguns dos lugares em que o executivo de
78 anos deixou sua marca. Para desenvolver esse trabalho,
hoje ele comanda a Galeazzi & Associados, consultoria
que só pega trabalhos em que, de fato, pode praticar a
gestão que eles pregam. Aqui, ele fala sobre o processo
criativo de escrever e do lado pragmático dos negócios,
seus arrependimentos e os principais motivos que levam
uma empresa para o buraco.

Por Alexandre Makhlouf Retrato Marcus Steinmeyer

espírito do livro. Não acho que seja uma biografia,
porque, dos 14 capítulos, 13 são de empresas que
gerenciei ou fui consultor. Conto um pouco da minha
história pessoal só no começo, para que entendam
como passei a ser um transformador de empresa, que
faz turnarounds e reestruturações. Só falei de mim
porque precisava mostrar o caminho que eu percorri
até chegar aqui.

Carbono Uomo
E qual é a diferença entre um turnaround e uma reestruturação?

Claudio Galeazzi
Turnaround é uma empresa que está em dificulda-
des e precisa de medidas fortes para reverter a
tendência de queda. A reestruturação tem os mes-
mos princípios, mas com um viés mais de aumen-
tar resultados, marketshare, adequar a empresa à
situação de mercado – como fiz na BRF e no Pão
de Açúcar. Elas precisavam era repensar as estrutu-
ras, os processos e os custos para ter melhor resul-
tado. O turnaround, resumidamente, é para salvar
a empresa e impedir que ela quebre.

Carbono Uomo
O senhor recebeu o apelido de “cortador de gastos” e “so-
lucionador de crises”, porque assumiu muitas empresas em
momentos difíceis. Quão verdadeiras são essas definições?
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