Carbono Uomo - Edição 13 (2019)

(Antfer) #1
não se adequa está fadado a quebrar. As guerras, as
tensões políticas, toda a história está aí para compro-
var que quem comete os mesmos erros está fadado
a quebrar.

Carbono Uomo


O senhor já participou de muitos conselhos de administração


e geriu muitas empresas. Quais são as maiores angústias de


quem está nessa posição?


Claudio Galeazzi


No meu caso, é ver os erros que os gestores – não o
conselho – cometem. Nos conselhos, você tenta tra-
zer a realidade da empresa para a realidade de mer-
cado. A busca normalmente é essa quando você vê
a companhia indo para um caminho que pode levar
a problemas sérios. Não necessariamente os outros
conselheiros têm esse tipo de angústia. E lembre-se:
o conselheiro não tem poder de gestão. Não pode
fazer pelo dono ou executivo. Consultorias, no geral,
não têm o poder de mando: podem só aconselhar.
Na Galeazzi, no entanto, não aceitamos fazer con-
sultoria onde não temos como influenciar na gestão.
Claro que também prestamos trabalhos de orienta-
ção, mas nossa empresa atua fortemente na gestão,
mesmo sendo consultora. É uma forma de garantir
resultado. A gente não fica em uma organização se
não existe a vontade real de implantar as mudanças.
Muitas vezes, os donos dizem que querem fazer as
alterações necessárias mas, mesmo sem falar, a gen-
te entende que querem grandes mudanças sem que
nada importante mude (risos). Ficar na empresa pelos
honorários não faz nosso gênero. Preferimos sair se a
gente vir que não vai ser implantado o que é o novo
objetivo da empresa.

Carbono Uomo


Hoje, muito se fala em inovação, mas nem todas as compa-


nhias estão preparadas para isso. O que, na sua concep-


ção, faz de uma empresa inovadora?


Claudio Galeazzi


Inovação é uma coisa que está muito em voga. Acho
que a empresa tem que se atualizar permanentemen-
te. Tem que trazer para dentro as novas condições de
mercado. Mas isso precisa ser feito depois de muita
análise. Quando você fala em novos negócios e no-
vos produtos, isso quer dizer criar outras fontes de
renda. Na minha área, no processo de repensar a
empresa ou lidar com uma grande crise, lançar um
novo produto é um perigo muito grande, porque você
tende a repetir a ineficiência, a incompetência atual

para os novos negócios. Em alguns casos, claro, dá
certo, mas é raridade.

Carbono Uomo
O que os profissionais que estão nos cargos de gestão hoje
podem aprender com essa nova safra de profissionais,
millennials e geração Z, que estão entrando no mercado?

Claudio Galeazzi
A nova safra que tem muito o que aprender com os
mais velhos, eu acho. O grande problema dessa
nova geração é que existe muita maturidade pessoal,
formação profissional incrível, mas não tem quilome-
tragem. É óbvio que será melhor do que a geração
atual, até mesmo pela mentalidade desses jovens
atuais, mas eles têm que passar pela experiência.
Nada como o dia a dia para ensinar. Você pode ter
o brilhantismo que for, mas eu vi muitos jovens bri-
lhantes, inclusive onde já trabalhei, que não tinham
maturidade profissional.

Carbono Uomo
Tem algo em sua trajetória profissional que, hoje, o senhor
faria diferente?

Claudio Galeazzi
Puxa... Muitas coisas. Eu teria concluído o estudo
superior, o que nunca fiz. Sem dúvida alguma. Ao
montar a minha empresa, eu não entraria no esta-
do de negação que entrei. No caso dessa empresa,
quando ela quebrou, eu fiquei sem nenhuma ação.
E a conclusão a que eu chego é que mesmo uma
ação errada você pode corrigir. A inação é o perigo.
Perceber o erro te dá a possibilidade de resolver. Se
você não faz nada, não tem o que reverter. Você não
está de fato buscando solução, simplesmente deixan-
do a coisa acontecer. Voltando atrás, eu agiria sem-
pre, muito mais rapidamente e com mais agilidade.

CLAUDIO GALEAZZI

O SER HUMANO


PODE EVOLUIR, MAS


NÃO MUDA. CON-


TINUA SEMPRE O


MESMO, REPETE-SE


CONSTANTEMENTE

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